Ações da Vale caem 2,2% com pressão por Mantega na presidência e condenação pela tragédia de Mariana

Ações da Vale caem 2,2% com pressão por Mantega na presidência e condenação pela tragédia de Mariana

Em um dia em que o minério de ferro terminou com ganho de 1,6% na Bolsa de Dalian, na China, a US$ 137,80 dólares por tonelada, as ações da Vale fecharam em queda de 2,2% devido ao cenário doméstico, a R$ 68,36.

Pesam para isso as tentativas do governo de emplacar o ex-ministro Guido Mantega na presidência da empresa, como adiantado pelo colunista Lauro Jardim nessa quarta. Fontes a par da situação contaram ao GLOBO que dois ministros de Lula foram convocados pelo presidente para convencer acionistas da indicação do aliado e iniciaram a articulação nos bastidores. O clima na empresa, porém, não é favorável à sugestão.

Um analista do mercado disse que a postagem da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendendo Mantega na Vale só contribuiu para aumentar o mau-humor de analistas e investidores. Em rede social, ela pediu respeito ao ex-ministro e defendeu que “Guido não está sendo atacado por defeitos ou erros que tenha cometido. É atacado (e até odiado) por causa da inestimável contribuição que deu à estabilidade, qualidade e crescimento da economia em nosso país”.

Ex-CEO da Cosan é o preferido do mercado

A avaliação dos investidores é que, desde os acidentes com as barragens, a Vale não consegue escalar a sua produção para os 400 milhões de toneladas por ano — uma meta antiga da companhia — por ter adotado procedimentos de maior cautela, não aproveitando do alto patamar do minério de ferro atual que poderia elevar os dividendos de acionistas. Atualmente, a produção gira em torno de 300 milhões de toneladas. A solução para isso seria a troca no comando.

O mercado enxerga o ex-CEO da Cosan, Luiz Henrique Guimarães, seria um bom nome para assumir a presidência da Vale, mas não há força política para colocá-lo no posto. A manutenção do atual presidente Eduardo Bartolomeo por um mandato curto de um ano não seria ideal porque não contribuiria para mudanças na empresa, mas é vista como “aceitável”.

A pressão política para que Guido Mantega assuma o cargo, por sua vez, não é bem recebida por acreditarem que ele seria contra cortes de custos, como a diminuição de pessoal, para ganho de eficiência e que não se empenharia em aumentar as licenças de exploração.

Embora os acionistas não acreditem que o indicado de Lula conseguirá aprovação do Conselho da Vale para assumir o posto, o mero ruído político já é capaz de impactar os preços na Bolsa. Além disso, a repercussão dos acidentes em Brumadinho e Mariana também afetaram as ações.

Lula critica empresa

Pelas redes sociais, Lula disse que, cinco anos depois da tragédia de Brumadinho, a companhia "nada fez para reparar a destruição causada", cobrando amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e fiscalização e prevenção em projetos de mineração.

Logo depois, foi publicada uma decisão da Justiça condenando Vale, Samarco e BHP a pagar R$ 47,6 bilhões pelo rompimento da barragem de Mariana (MG), no Rio Doce. A indenização relativa a danos morais não se soma aos valores já pagos anteriormente pela companhia.

Estima-se que o valor, que ainda precisa ser corrigido com juros de mora, considerando a data do rompimento, ou seja, 5 de novembro de 2015, possa representar uma despesa de cerca de R$ 100 bilhões para as empresas.

Fonte: O Globo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 26/01/2024