Taxação do aço preocupa, mas setor de construção deve crescer 10%, diz Coopercon
Taxação do aço preocupa, mas setor de construção deve crescer 10%, diz Coopercon
A ameaça dos Estados Unidos de impor sobretaxa para o aço que venham de outros países pode causar um rearranjo no mercado, mas a expectativa é de que não impacte a indústria da construção no Ceará e o Valor Geral de Vendas (VGV) das construtoras suba 10% em 2025.
A avaliação é do presidente da Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon Ceará), Emanuel Capistrano, que destaca que o aço é um dos principais insumos do setor.
Vale lembrar que no ano passado a Coopercon realizou uma importação em grande quantidade para o setor de construção civil, reunindo os pedidos de diversas construtoras para conseguir melhor preço do que o praticado no mercado nacional.
"O preço do aço estava muito elevado. Contudo, no ano passado, com a importação realizada pela Copercon, conseguimos estabilizar e reduzir o valor em cerca de 40%. Hoje, o aço está girando em torno de R$ 6 o quilo para nós, da construção civil. Para você ter uma ideia, esse preço chegou a estar próximo de R$ 10 por quilo", explica.
O temor surge após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometer impor tarifas sobre chips de computador, produtos farmacêuticos e aço importados pelo país.
"Minha mensagem para todos os negócios do mundo é bem simples: venha produzir na América e vamos dar as menores taxas de qualquer nação. Mas se a decisão de vocês for de não produzir na América, simplesmente terão de pagar uma tarifa que deve direcionar até trilhões de dólares para o nosso Tesouro", disse nessa segunda-feira, 28.
Sobre a ameaça de Trump, Emanuel acredita que o mercado local conseguirá atravessar esse momento sem grandes impactos.
"Acreditamos que essa possível mudança poderá impactar, mas não de forma significativa para o setor", pontua.
Sobre a perspectiva de desempenho para as 134 construtoras cooperadas à Coopercon, lembra que 2024 foi "muito positivo", principalmente do ponto de vista de negociações, já que o grande propósito da entidade é unir grandes volumes de compras para obter preços mais competitivos, abaixo do mercado.
Atualmente, são 78 parceiros fornecedores e, segundo o presidente da Coopercon, 2025 deve ser ano de anúncios de projetos e início de construções.
"Estamos vendo um movimento forte de novas construções. Só aqui no Ceará, o programa Minha Casa Minha Vida está contratando 10 mil unidades. Em 10 a 12 meses, esses imóveis estarão prontos, o que deverá aumentar ainda mais as vendas e movimentar o mercado", afirma.
A grande questão do momento é o quadro macroeconômico de juros altos e preços em elevação.
A perspectiva da taxa Selic alcançar patamar próximo dos 15% até o fim do semestre é considerado preocupante, assim como o aumento dos níveis inflacionários em 2025 após ter estourado a meta em 2024.
Esse cenário gera aumento de preços aos construtores. "Normalmente, no início do ano, sempre há um acréscimo nos valores de insumos, mas nem sempre isso significa um impacto significativo. Alguns itens que preocupam são o cimento, o porcelanato e os elevadores. No caso dos elevadores, grande parte é importada, então depende muito do dólar e do aço, o que acaba impactando os custos. Esses são os insumos que mais exigem nossa atenção".
Fonte: O Povo
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 29/01/2025