Minério de ferro ganha força em agosto e zera perdas do ano

Minério de ferro ganha força em agosto e zera perdas do ano

Os preços do minério de ferro se recuperaram em agosto, em meio à percepção de que a China não deve impor limites à produção de aço bruto neste ano, e encerraram o mês com alta de 7,4%, apagando as perdas acumuladas em 2023. Agora, a principal matéria-prima do aço exibe leve ganho, de 0,7%, no acumulado do ano no mercado à vista.

Em julho, segundo relatório da World Steel Association (WSA), a produção chinesa de aço bruto saltou 11,5%, para 90,8 milhões de toneladas, e a percepção no setor siderúrgico brasileiro é a de o ritmo não foi reduzido em agosto. “A boa performance do minério de ferro em agosto veio muito na esteira de notícias recentes que mostram que o governo chinês parece estar menos propenso a colocar limites na produção de aço”, diz o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA.

Segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% de ferro foi cotado na quinta-feira (31) em alta de 1,5% no norte da China, a US$ 118,20 a tonelada - o nível mais elevado desde 20 de abril. Na Bolsa de Commodities de Dalian (DCE), os contratos mais negociados para janeiro subiram 3,54%, a 849 yuan a tonelada, maior valor registrado desde 1º de agosto.

Segundo Sasson, em 2021 e 2022, quando Pequim impôs limites à produção de aço, houve queda no volume produzido. Havia expectativa de Pequim pudesse formalizar novos cortes neste ano, mas o desaquecimento da economia doméstica pode ter levado à mudança de estratégia.

“A leitura de alguns players do mercado é que o governo não vai impor um limite neste ano dado que é um setor da economia que está indo bem. A produção de aço está forte, apesar do setor de propriedades, e eventuais limites teriam impacto negativo na economia como um todo”, diz Sasson.

Ainda assim, pondera o analista, preços ao redor de US$ 118 por tonelada no mercado à vista não são sustentáveis e, no fim do ano, devem estar mais perto dos US$ 100 por tonelada.

O petróleo também subiu em agosto, à medida que o mercado aposta em aperto maior da oferta global nos últimos meses de 2023. O barril do WTI, referência americana, com entrega prevista para outubro subiu 2,45% ontem, a US$ 83,63. Já o barril do Brent, eferência global, para novembro, avançou 1,87%, a US$ 86,83. No acumulado de agosto, as altas foram de 2,24% e 1,64%, respectivamente.

Passadas as preocupações com uma desaceleração mais drástica das economias desenvolvidas, a commodity encontra na perspectiva de oferta insuficiente um fator para impulsionar a demanda no mercado futuro. Segundo Warren Patterson, estrategista-chefe de commodities do ING, tal tendência deve ser confirmada.

“Cortes de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), em particular os cortes voluntários da Arábia Saudita, levam o mercado a um esgotamento de reservas. Nós esperamos que essa tendência continue até o fim do ano, o que sugere que os preços ainda têm espaço para subir além dos níveis atuais”, avalia Patterson. Ele nota, porém, que há dois principais riscos para tal previsão: o dólar forte, sob a expectativa de juros altos por um longo tempo nos EUA e a decepção com o cenário macroeconômico da China.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 01/09/2023