Fundo do oceano é o futuro da mineração para materiais de baterias

Fundo do oceano é o futuro da mineração para materiais de baterias

Empresas de mineração se esforçam para obter matérias-primas localizadas no fundo do oceano para a produção de baterias de veículos elétricos. De acordo com informações do site Automotive News, as mineradoras têm fechado negócios e desenvolvido processos e equipamentos de mineração marítima.  

Segundo a reportagem, grandes campos de rochas contêm altas concentrações de níquel, cobalto, cobre e manganês necessários para baterias de EVs. Esses minerais cobrem o que é conhecido como planícies abissais. De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, a área representa 70% do fundo do oceano e está localizada a profundidades de mais de 3 mil metros. 

Minerais do fundo do mar contêm mais níquel

Do tamanho de batatas, as rochas que cobrem o fundo do mar, chamadas nódulos polimetálicos, contêm muito mais níquel e cobalto do que as reservas terrestres. 

Um relatório da revista científica Nature destacou a existência de 274 milhões de toneladas de níquel em uma área de 1,7 milhão de milhas quadradas do Oceano Pacífico, conhecida como Zona Clarion-Clipperton. 

O Serviço Geológico dos Estados Unidos disse que isso pode ser comparado a 95 milhões de toneladas métricas das reservas terrestres conhecidas. Há 44 milhões de toneladas métricas de cobalto no fundo do mar, em comparação com 7,5 milhões em terra.

Regulação da mineração no oceano

A mineração no fundo do mar ainda não ocorre em escala, mas uma das vantagens esperadas pelas empresas é que o processo inclui o carregamento de minério em navios, o que economiza etapas na cadeia de suprimentos. 

O cobalto, por exemplo, é extraído na República Democrática do Congo e depois enviado para a África do Sul, onde é enviado para a China para processamento. O metal então vai para fábricas de baterias na Europa e nos Estados Unidos.

A maioria das mineradoras estão de olho na Zona Clarion-Clipperton, localizada entre o México e o Havaí, dada a proximidade com o mercado norte-americano.

A região é supervisionada pela Autoridade Internacional de Fundos Marinhos, estabelecida em 1994 pela Lei do Mar da Convenção das Nações Unidas. Nos últimos 20 anos, a autoridade concedeu 19 licenças de exploração a várias empresas internacionais.

Agora, a supervisão trabalha para desenvolver um código de mineração que definirá um regulamento para guiar a exploração de recursos minerais no fundo do mar. 

Impasse sobre impacto ambiental

À medida que as empresas de mineração desenvolvem equipamentos, realizam testes e trabalham com pesquisadores oceânicos para avaliar as implicações ambientais, outras estão organizando a oposição. 

Especialistas alegam que a mineração do fundo do mar é menos problemática dada a localização dos recursos e suas questões ambientais, geopolíticas e trabalhistas associadas. Já  grupos ambientalistas querem desacelerar a corrida até que se saiba mais sobre os impactos desse tipo de mineração. 

Em 2021, a ong internacional World Wide Fund for Nature pediu na justiça um adiamento da mineração do fundo do mar para que fosse possível avaliar os prejuízos ao oceano.

BMW, Volkswagen, Volvo, Google e Samsung assinaram o pedido e se comprometeram a não usar minerais do fundo do mar. Outros grupos, como Greenpeace e Pew Charitable Trusts, pediram a interrupção da mineração no fundo do mar até que o impacto ambiental seja entendido. 

Empresas já exploram minério do fundo do mar

Por outro lado, há organizações que apoiam ativamente a mineração do fundo do mar devido ao seu potencial econômico. A Autoridade de Minerais do Fundo do Mar das Ilhas Cook concedeu três licenças de exploração a empresas de mineração este ano. 

A nação de Nauru, nas ilhas do Pacífico, planeja solicitar à Autoridade Internacional do Fundo do Mar autorização para extração comercial de nódulos polimetálicos a partir de 2023.

Já em outubro, a Metals Co. de Vancouver, Canadá, anunciou que obteve suceso em seus testes com a coleta de nódulos polimetálicos do fundo do mar na Zona Clarion-Clipperton. Em conjunto com a empreiteira Alieseas, uma offshore suíça, a mineradora usou grandes aspiradores e um tubo de 2 milhas para transportar 15 toneladas de nódulos para um navio.

A subsidiária da Metals Co, Nauru Ocean Resources, planeja enviar os resultados dos testes à autoridade para processamento regulatório e de permissão.

Fonte: Automotive Business
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 31/10/2022