Mesmo com barreira comercial, importação de aço bate recorde
Mesmo com barreira comercial, importação de aço bate recorde
No dia 1º de junho, entrou em vigor uma portaria federal para proteção da siderurgia nacional contra uma concorrência considerada desleal com o exterior. Desde então, 11 produtos de aço passaram a ter cotas de importação, com imposto de 25% sobre a quantidade excedente. Porém, o mecanismo não foi capaz de conter o nível de importações em julho, quando bateu recorde.
Dados do Instituto Aço Brasil mostram que, no mês passado, o mercado estrangeiro enviou 592 mil toneladas de aço bruto para o País. Além de representar altas de 22,9% em relação ao mesmo período de 2023 e 38,3% em comparação com junho, o montante equivale ao maior volume importado pelos brasileiros em toda a série histórica da entidade, iniciada em janeiro de 2013.
No primeiro mês com a regra em funcionamento, as importações haviam caído substancialmente frente a maio. Naquela época, a queda chegou a 23,7%, totalizando 428 mil toneladas de aço bruto, o segundo menor patamar de 2024, dando indícios de que as cotas de importação, da forma como foram estabelecidas, poderiam, de fato, proteger as siderúrgicas brasileiras.
Mas ainda há esperanças. A portaria terá validade de um ano e, embora não tenha atendido totalmente ao pleito das siderúrgicas, que considerou a cota “generosa”, o setor enxergou-a como um avanço e espera que, nos próximos meses, os resultados sejam impactados positivamente.
Nesta semana, o presidente da ArcelorMittal Brasil, Jefferson de Paula, disse à imprensa que houve um período de inércia entre a aprovação e a regulamentação e que acredita na eficácia da nova regra a partir de setembro. “Caso não funcione, temos o compromisso do governo de que vai agir para funcionar. Estamos otimistas e achamos que vai melhorar”, ressaltou.
Recentemente, o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, também afirmou que o mercado de aço brasileiro deve começar a sentir os efeitos da medida ao longo do segundo semestre. “Ainda está cedo para dizer quais serão os impactos, mas os sinais são positivos”, enfatizou.
Mecanismo de defesa fez Aço Brasil alterar as projeções para 2024
Com os resultados de julho, as importações de aço acumularam um crescimento de 23,7% nos primeiros sete meses deste ano ante igual intervalo do exercício anterior. No período, segundo o Instituto Aço Brasil, o volume de aço bruto importado pelo País somou 3,3 milhões de toneladas.
Em junho, a entidade informou que havia alterado as projeções para 2024 após o governo implementar o mecanismo de defesa comercial. A estimativa para as importações que, no fim de 2023 era de alta de 20%, passou para baixa de 7%, ou 4,7 milhões de toneladas. No ano passado, a quantidade de aço importado totalizou 5 milhões de toneladas, um aumento anual de 50%.
Além de projetar uma queda nas importações de 1 milhão a 1,5 milhão de toneladas para este ano, graças à adoção das cotas e do imposto de 25% sobre excedente, o Aço Brasil também ficou esperançoso para que outros indicadores, por consequência, tenham resultados melhores. A previsão de produção de aço bruto, por exemplo, agora é de crescimento de 0,7%, com 32,2 milhões de toneladas ante a projeção anterior de um decréscimo de 3%.
Produção cresce no Brasil e em Minas Gerais
Conforme os números do próprio Aço Brasil, a produção de aço bruto de janeiro até julho aumentou 3,3% no País em comparação ao mesmo período acumulado de 2023, somando 19,4 milhões de toneladas. Em Minas Gerais, o volume cresceu 7,6%, para 5,9 milhões de toneladas.
Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 23/08/2024