Presença da China no mercado mundial é um fantasma que assombra as importações brasileiras de aço

Presença da China no mercado mundial é um fantasma que assombra as importações brasileiras de aço

As importações brasileiras de aço somaram, em julho, 592 mil toneladas, volume que representa alta de 22,9% em relação a igual período do ano passado e, com alguma dose de surpresa, aumento de 38,3% na comparação com o mês de junho. Cabe recordar que naquele mês entraram em vigor as barreiras de contenção da importação de aço, com estabelecimento de cotas e cobrança de 25% sobre volumes excedentes. A flutuação registrada, mesmo que as indústrias locais ainda não se mostrem preocupadas, requer atenção e assim deve ser acompanhada, procedimento que países altamente industrializados, como os Estados Unidos, adotam sem reservas, com foco na agressiva atuação da indústria chinesa, porém mirando também produtos de origem brasileira.

Conforme as primeiras avaliações da indústria local, que festejaram o recuo das importações em junho, o que qualificam como “inércia” era esperado, da mesma forma como estimam que a partir do mês de setembro os volumes serão reduzidos. Assim devem funcionar as barreiras, dizem, acrescentando que em caso contrário o governo brasileiro se compromete a “agir”. Tudo no entendimento de que a agressiva presença da China no mercado mundial pode sugerir, nesse caso em particular, práticas comerciais pouco convencionais, numa concorrência que se distancia de padrões aceitáveis.

Nos primeiros sete meses do ano, conforme dados do Instituto Aço Brasil, as importações de aço acumularam crescimento de 23,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior, somando 3,3 milhões de toneladas. No ano passado as importações totalizaram 5 milhões de toneladas, volume que deve cair para 4,7 milhões em 2024. Para o ano, conforme este jornal já noticiou, as mais recentes previsões são de que a produção de aço bruto crescerá 0,7%, chegando a 32,2 milhões de toneladas. A produção acumulada no primeiro semestre foi de 19,4 milhões de toneladas, ou mais 3% na comparação com o primeiro semestre do ano passado. Em Minas Gerais o crescimento chegou a 7,6% e somou 5,9 milhões de toneladas.

Os números apresentados colocam, para o Brasil e Minas Gerais em particular situação que pode ser definida como de calmaria, depois do ciclo de expansão registrado nos anos 70 e 80 do século passado. Bem diferente do que ocorre na China, cuja produção apenas no intervalo entre janeiro e maio de 2024, chegou a impressionantes 438,6 milhões de toneladas, ainda assim com queda de 1,4% em relação ao ano anterior. Eis o tamanho do concorrente ou do problema que, queiramos ou não, nos assombra.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 27/08/2024