Projeto de níquel da Horizonte dobra de custo e ações caem 60% nesta terça-feira

Projeto de níquel da Horizonte dobra de custo e ações caem 60% nesta terça-feira

A mineradora de níquel Horizonte Minerals, na qual a Glencore tem participação, advertiu que precisará de outra injeção de dinheiro, depois de divulgar que o custo para construir seu principal projeto no Brasil dobrou.

A empresa, negociada em Londres, registrou aumento de 87% no custo para construir a mina de níquel Araguaia, de US$ 537 milhões para US$ 1 bilhão.

Embora antes do alerta as ações já estivessem abaixo de 10 pence, em razão de fortes quedas em outubro, os papéis caíram mais de 60% na tarde desta terça-feira (20), para 3,29 pence.

O valor de mercado da empresa, negociada no AIM, mercado alternativo da bolsa londrina, voltado à pequena empresa, caiu para menos de 10 milhões de libras esterlinas (US$ 12,7 milhões). Antes das quedas em outubro, era de 400 milhões de libras.

Em outubro, as ações entraram em queda livre depois de a empresa anunciar que os investimentos em bens de capital na mina se excederiam em pelo menos 35% e que o início da produção seria adiado para o terceiro trimestre de 2024.

O início agora está previsto para o primeiro trimestre de 2026, desde que o financiamento consiga ser assegurado.

Segundo o executivo-chefe interino da Horizonte Minerals, Karim Nasr, a empresa procura uma solução de financiamento completa, que será concluída nas próximas semanas.

Ele disse, porém, que “não há garantia de sucesso” e que será necessário financiamento provisório além dos US$ 20 milhões que a empresa conseguiu de seus três maiores investidores - La Mancha Resource Capital, Glencore e Orion Resource Partners — no fim de 2023, após uma reformulação na equipe executiva.

A empresa planeja trabalhar de perto com esses acionistas e credores para conseguir o financiamento, que pretende acertar antes do fim de junho. Também será discutida a reestruturação de linhas de crédito, segundo a Horizonte Minerals.

O estouro do orçamento é um golpe para a Glencore, que detém 17,7% das ações da empresa e tem direito ao fornecimento futuro da mina por dez anos.

Também é um revés para a La Mancha Resource Capital, o fundo de investimento em mineração criado pelo bilionário egípcio das telecomunicações Naguib Sawiris, que detém 23% do grupo, e para a Orion Resource Partners, que detém 10,5%.

A mina, que pretende produzir ferro-níquel, usado no aço inoxidável, poderia ajudar a diversificar o fornecimento mundial do metal, hoje muito concentrado da Indonésia, que produz mais da metade do níquel do mundo.

No entanto, o aumento nos custos derrubou a confiança dos investidores no setor mundial de níquel, justo em um momento de preocupação com um excedente estrutural na produção, diante do aumento da oferta na Indonésia.

Na semana passada, a BHP, maior produtora de níquel do mundo, contabilizou uma baixa de US$ 3,5 bilhões na unidade Nickel West, na Austrália.

Na terça-feira, também reiterou que vê riscos de excesso de oferta do metal, também usado em baterias de veículos elétricos, pelo resto da década.

Fonte: Financial Times
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 21/02/2024