Vendas da AVB crescem na contramão do setor
Vendas da AVB crescem na contramão do setor
Sem alarde, a Aço Verde do Brasil vem ocupando espaço no mercado brasileiro de aços longos mesmo em meio à retração de demanda. Enquanto as grandes produtoras estão penando com a queda nas vendas, a companhia, situada em Açailândia (MA) registrou crescimento de 11,3% no segundo trimestre. O mercado, como um todo, caiu cerca de 10%.
A AVB é a mais novas e menor siderúrgicas do país e passou a competir no mercado de aços laminados longos, com vergalhões e fio-máquina, em 2018. No semestre, cresceu 14,5%. Destacando a retomada das atividades na construção civil - mais lançamentos de empreendimentos imobiliários - a empresa informou que suas vendas, entre abril e junho, subiram 12,5% ante o primeiro trimestre deste ano.
“Batemos novo recorde, com vendas de 100,3 mil toneladas no trimestre passado, fruto de resiliência operacional da empresa”, disse Gustavo Bcheche, diretor financeiro e de RI. A empresa é de capital fechado, mas reporta demonstrações financeiras trimestrais como se fosse aberta. Faz isso porque lançou Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
A empresa é comandada por Silvia Nascimento, uma das acionistas do grupo Ferroeste, que é o controlador da siderúrgica.
A fabricante de vergalhões e fio-máquina compete com so pesos-pesados do setor Gerdau e ArcelorMittal, com a mexicana Simec e com a Sinobras (Grupo Aço Cearense), que tem usina no Pará.
Bcheche diz que a empresa segue seu plano estratégico de ampliar a ocupação de capacidade de instalações da usina. A siderúrgica está apta a fazer 600 mil toneladas de produtos laminados ao ano - deve passar de 400 mil toneladas em 2023 e almeja chegar a 500 mil no próximo ano.
A siderúrgica opera com dois altos-fornos, que processam minério de ferro, comprado da Vale, e biocarbono (carvão vegetal obtido de florestas próprias) para produção do ferro-gusa. Esse produto abastece a aciaria, onde é refinado com mistura de sucata de ferro e aço (de 20 a 25%).
“Nosso foco é transformar os tarugos que saem da aciaria em material laminado, de maior valor agregado para atender clientes de diversas partes do país. Com a ampliação do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida no Nordeste, estaremos prontos para fornecer aço aos construtores e incorporadores da região”, afirma o executivo.
No segundo trimestre, a AVB também sofreu queda de receita, lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado e na última linha do balanço, da mesma forma que outras siderúrgicas do país.
A receita líquida, de R$ 446 milhões, teve recuo de 25,8% na comparação anual, porém aumento de 11,7% frente ao desempenho de janeiro a março O lucro líquido alcançou de R$ 108 milhões, com uma margem líquida de 24,2%, considerada de bom termo no negócio de siderurgia. O resultado foi 49,1% inferior, tendo também crescido ante o primeiro trimestre (+35,8%).
O Ebitda ajustado foi de R$ 145 milhões (com margem de 32,5%) e sofreu baque anual de 48,2%, porém com crescimento de 15% frete ao primeiro trimestre.
A alavancagem financeira da AVB é vista como tranquila, de 0,8 vez na relação Dívida Líquida sobre Ebitda. Fechou o trimestre com caixa de R$ 720 milhões, ante dívida total de R$ 1,22 bilhão. A alta do caixa, explica, se deve ao aumento do fluxo de caixa operacional, somando uma captação de R$ 260 milhões em Cédula do Produtor Rural (CPR).
“A empresa mostrou performance operacional e disciplina financeira”, disse Bcheche, ressaltando que a AVB obteve a elevação do rating de crédito corporativo de ‘brAA-‘ para ‘brAA’, com perspectiva estável, da agência de rating S&P Global Ratings.
Os investimentos somaram R$ 84,5 milhões, alocados principalmente numa planta de gás (para garantir o aumento da produção de aço em 2024) e na unidade de fabricação de briquetes (para recuperar resíduos do processo siderúrgico - finos de minério de ferro e de biocarbono). “Vão substituir 20% da matéria-prima”.
Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 18/08/2023