Vale aprova novo plano de recompra de ações

Vale aprova novo plano de recompra de ações

A Vale anunciou ontem que o conselho de administração da empresa aprovou um novo programa de recompra de ações de até 200 milhões de papéis. O montante equivale a 4,1% das ações da companhia em circulação no mercado. Considerando o valor da Vale em bolsa ontem, de R$ 378,3 bilhões (US$ 67,4 bilhões), a operação pode chegar a cerca de R$ 14,4 bilhões (US$ 2,6 bilhões), segundo estimativas do Valor Data.

A transação dá continuidade a outro programa de recompra de ações, anunciado em abril, no total de US$ 5 bilhões, e que está praticamente concluído, segundo a própria mineradora. Nesse primeiro programa, de um total de 270 milhões de ações da Vale, foram recompradas pela empresa 268 milhões até o momento. O objetivo, disse a Vale, é criar e compartilhar valor com os acionistas de forma “consistente”. O novo programa deverá ser executado em período de até 18 meses.

Em declaração no comunicado referente ao resultado da Vale no terceiro trimestre, o presidente da empresa, Eduardo Bartolomeo, disse que a nova recompra de ações da empresa demonstra a confiança da administração no potencial da mineradora. Em 2021, a Vale distribuiu US$ 13,5 bilhões em dividendos aos acionistas - recorde histórico - considerando as parcelas pagas em março, junho e setembro. O valor não considera o programa de recompra de ações lançado em abril. Até o fim de agosto esse programa havia sido executado em 70% (US$ 3,5 bilhões) do total planejado.

Essa política de remuneração aos investidores é garantida por bons indicadores operacionais, apesar da queda de quase US$ 40 por tonelada nos preços do minério de ferro no mercado internacional entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano. Entre abril e junho deste ano, o minério com 62% de teor de ferro, referência de mercado, situou-se, em média, em US$ 200 por tonelada no mercado à vista da China. Essa média despencou para US$ 162,9 por tonelada entre julho e setembro, US$ 37,1 por tonelada a menos.

O preço realizado pela Vale no terceiro trimestre do ano para os finos de minério de ferro, principal produto da companhia, foi de US$ 126,7 por tonelada, 30,6% abaixo dos US$ 182,8 por tonelada do segundo trimestre de 2021.

No terceiro trimestre, a Vale teve receita de US$ 12,68 bilhões, queda de 24% em relação ao segundo trimestre e alta de 18% sobre igual período de 2020. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou em US$ 6,9 bilhões, queda de 37,2% sobre abril-junho e alta de 14% sobre o mesmo trimestre do ano passado. O lucro da mineradora situou-se em US$ 3,88 bilhões entre julho e setembro, recuo de 49% sobre o segundo trimestre do ano e alta de 33,6% sobre o mesmo período de 2020.

O resultado da Vale no terceiro trimestre foi influenciado por preços mais baixos realizados pela companhia no minério de ferro, segmento de negócios em que houve aumento de custos nos fretes marítimos. Também houve influência de menor receita em metais básicos como resultado de paralisações de trabalhadores nas operações de Sudbury, no Canadá. A Vale também anunciou baixa contábil de ativos (“impairment”) de US$ 1,9 bilhão no negócio de carvão, em Moçambique, na África.

Em mensagem aos acionistas, o presidente da Vale disse que, no terceiro trimestre, a produção de minério de ferro da empresa ficou próxima de 90 milhões de toneladas. Ele classificou o volume como um “progresso significativo” na retomada do Complexo de Vargem Grande, em Minas Gerais. Desde a tragédia de Brumadinho (MG), em 2019, a Vale vem enfrentando restrições nas operações em MG, onde nasceu a companhia há quase 80 anos.

Bartolomeo disse que a empresa continua a trabalhar para melhorar a confiabilidade operacional, em especial no segmento de metais básicos, cujos principais produtos são o níquel e o cobre. O Ebitda do negócio de metais básicos foi de US$ 505 milhões no terceiro trimestre do ano, US$ 361 milhões menor do que no segundo trimestre.

O executivo afirmou ainda que a geração de caixa da companhia continua “robusta”, superando o último trimestre em 18%, ritmo que permitiu, segundo ele, o pagamento de dividendos históricos em 2021. Ele destacou o novo programa de recompra de ações, e reiterou: “Com a manutenção de nossa estratégia de ‘value over volume’ [priorizar receitas de vendas ao invés de volumes], e otimização de custos, continuaremos a criar e compartilhar valor com nossos acionistas.”

No terceiro trimestre, a Vale também reportou uma dívida líquida expandida de US$ 13,8 bilhões ao fim de setembro, 21,2% acima dos US$ 11,4 bilhões registrados no fim de junho, mas abaixo dos US$ 14,4 bilhões do terceiro trimestre do ano passado. O conceito de dívida expandida inclui, além de obrigações financeiras, compromissos com Brumadinho e o Refis, por exemplo.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 29/10/2021