Termômetro da economia e base da indústria, fundições voltam a crescer no Paraná

Termômetro da economia e base da indústria, fundições voltam a crescer no Paraná

O setor de fundição de metais vive, enfim, um momento de retomada robusta no Paraná. Após uma década com marcada pela queda na produção, no faturamento, no número de empresas e de trabalhadores, esse segmento experimentou nos últimos anos um momento de crescimento robusto e consistente, numa recuperação que teve início ainda em meio à pandemia do novo coronavírus. E isso é uma boa notícia para a economia como um todo, uma vez que as fundições servem como uma espécie de termômetro por serem a base de muitas outras indústrias importantes, como a automobilística e a metalúrgica, fornecendo matéria-prima para o mercado.

Em nível nacional, a Associação Brasileira de Fundição (Abifa) estima um crescimento de 14% para a indústria de fundição em 2022. Segundo a instituição, as fundições estão trabalhando com as linhas de produção lotadas, contratando cada vez mais colaboradores e investindo para atender à crescente demanda e o crescimento só não será ainda mais expressivo por conta da ausência de “uma Política Industrial digna de um país com as riquezas e potencial do Brasil”, o que significa também dizer que há capacidade para o setor crescer ainda mais.

Década perdida
No Paraná, o auge das indústrias de fundições foi registrado entre o final da primeira década do século XXI e o início da década passada.

Segundo dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGE, em 2009 o setor chegou a ter uma receita líquida superior a R$ 530 milhões, empregando mais de 2,8 mil trabalhadores em 56 empresas. Nos anos seguintes, o número de indústrias de fundição no estado cresceu e chegou a 116 em 2011, um recorde.

O faturamento, contudo, logo começou a cair e o número de empresas foi minguando, ao ponto de, em 2019 (último ano antes da pandemia do novo coronavírus) haver 48 fundições formalmente registradas no estado (menor número desde 2003).

Em meio à crise de Covid, no entanto, o setor já começou a esboçar uma reação. Prova disso é que em 2020 (último ano com dados disponíveis) a PIA já registrava 59 indústrias no estado (alta de 22,9% na comparação com o ano anterior), com o número de pessoas trabalhando em fundições tendo subido de 1.145 para 1.252 (+9,3%). Um movimento que parece não só ter se mantido, mas acelerado ainda mais nos últimos tempos.


ABIFA obtém vitória em processo sobre exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS

A ABIFA – Associação Brasileira de Fundição comunica suas empresas Associadas/Filiadas uma importante conquista em seu favor. Trata-se da ação judicial promovida em desfavor da União Federal, relativa à exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS (Processo 1012781-27.2018.4.01.3400).

Histórico

Em 09/12/2021, transitou em julgado o acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, reconhecendo o direito das empresas associadas/filiadas à ABIFA em:

Excluir o ICMS destacado nas notas fiscais da base de cálculo para recolhimento do Pis-Cofins
Declarar o direito à recuperação dos valores indevidamente recolhidos a partir de 16/03/2017, corrigidos pela taxa Selic, mediante a compensação com tributos vincendos

Desta forma, as empresas Associadas/Filiadas à ABIFA estão juridicamente amparadas por uma decisão judicial transitada em julgado, que as permitem excluir o ICMS da base de cálculo das contribuições PIS-COFINS relativo a operações futuras, assim como realizar a recuperação dos valores pagos (a maior) desde 16/03/2017, devidamente corrigidos pela taxa Selic, através da compensação com tributos vincendos.

É estimada a recuperação de valores da ordem de 1,5% do faturamento das empresas no período de 16/03/2017 e a presente data.

Para a condução deste processo, a ABIFA contratou o escritório de advocacia Bartolomeu, Sette Advogados, que está à disposição para informações adicionais relativas aos pontos relacionados à decisão, bem como prestar assessoria visando à recuperação dos valores pagos a maior.

Contatos

Dr. Renato Bartolomeu: Tel. (31) 98485-3450
Dra. Renata Sternick: Tel. (11) 94808-8712

As empresas interessadas devem solicitar à ABIFA o Termo de Adesão, assinando em três vias ou de forma eletrônica.
 

Reencontrando o caminho do crescimento e planejando expansão

Em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), está localizada a Minatti Fundição. Assim como a maioria das fundições no Brasil (cerca de 85%), a empresa é de constituição familiar, tendo sido fundada há 33 anos, em 1989.

Segundo seu fundador e diretor, Luiz Jair Minatti, a empresa enfrentou muita dificuldade ainda no começo da pandemia, especialmente no trimestre entre março e abril de 2020. “Foram meses pesados, sofremos muito”, diz ele.

Em junho de 2020, contudo, as atividades já começaram a ser retomadas e a demanda também voltou a crescer. “De lá para cá não teve mais dificuldade. Em julho de 2020 já estávamos trabalhando em capacidade máxima”, afirma o empresário, comentando ainda que grande parte das indústrias de fundição – inclusive a dele próprio – pensam em novos investimentos, inclusive na construção de novas plantas, para expandir a capacidade produtiva.

“Isso não acontece de uma hora para outra, mas nos próximos cinco anos é algo que tem de acontecer”, explica Minatti, comemorando ainda que neste a sua indústria vai crescer mais que 100% ou, na pior das hipóteses, algo próximo disso, numa demonstração do potencial que existe no setor industrial como um todo.

“Nós temos o minério [de ferro], temos uma mão de obra (que boa parte nem precisa ter uma qualificação) e temos a energia (que a indústria usa muita energia). O que falta para a gente fazer isso [fortalecer as indústrias nacionais]? O que o Brasil faz hoje é exportar o minério de ferro, é um grande exportador de minério de ferro. E isso dá para inverter. Tem muito para fazer, o Brasil tem muito que crescer. Se tiver um pouco de incentivo, se o governo der condições, oportunidade de formar mão de obra, vai dar certo”
Luiz Jair Minatti, fundador e diretor da Minatti Fundição

‘A fundição é o começo da linha de todos os processos’
Há cinco décadas trabalhando no setor – sendo que há 33 anos é dono de sua própria fundição-, Minatti se diz um apaixonado pelas indústrias. Em especial, é claro, pela indústria de fundição. É, portanto, mais um dos ‘filhos do fogo’ (nome de um projeto lançado pela Abifa para celebrar os 50 anos da entidade).

“A fundição é um dos segmentos mais antigos que tem, só que é pouco divulgado, pouco falado nas escolas, nas faculdades… Só que nós, que estamos dentro do segmento, sabemos da importância dele. Hoje, se não tiver a fundição, ninguém anda com carro, caminhão, máquina agrícola… A fundição faz parte desde a formação de uma top model até uma aeronave. ‘Mas por que a top model?’, alguém pode perguntar. É que ela faz ginástica, usa o peso [risos]. Tem um campo muito grande”, diz o industrialista, ressaltando a importância de seu segmento para a economia. “A fundição é o começo da linha de todos os processos. Uma indústria de base.”

Mas e como funciona uma dessas ‘indústrias de base’, cujo trabalho é feito rente ao fogo (com seu calor infernal e a sua beleza descomunal)?

Segundo Minatti, primeiro a empresa interessada em envolver uma determinada peça encaminha um desenho para a indústria de fundição. A partir desse desenho é feito um estudo obedecendo os materiais da peça e em quais processos de moldagem ela pode se adaptar dentro da área de fundição. “Depois disso é feito um modelo, um ferramental para isso. Aí fazemos a moldagem e o vazamento, onde usamos muita sucata – somos muito recicladores, usamos 85, 90% de sucata e 10% de ferro novo. Unindo isso tudo sai a peça no final”, explica.


Com agências de notícias (Bem Paraná e Abifa)

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 18/10/2022