Segunda prévia do IGP-M acelera para maior alta este ano

Segunda prévia do IGP-M acelera para maior alta este ano

A inflação apurada pela segunda prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) acelerou de 0,34% para 0,64% entre setembro e outubro, a maior taxa desde dezembro de 2022 (0,77%), informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV).

A disparada nos preços do atacado, em especial de commodities como minério de ferro, elevou a taxa do indicador, segundo o economista da FGV responsável pelo indicador, André Braz. Mas ele faz ressalva. A aceleração de preços mensal, detectada na segunda prévia do indicador, não deve impedir que o IGP-M, usado para cálculo de reajuste de preço de aluguel, encerre em queda, em sua taxa anual referente a 2023. Caso isso ocorra, seria a primeira taxa anual negativa do IGP-M desde 2017 (-0,52%). Até a segunda prévia de outubro, a segunda prévia acumula quedas de 4,32% e de 4,44% no ano e em 12 meses, respectivamente.

Ao detalhar impacto dos preços do atacado, na segunda prévia de outubro, Braz lembrou que o setor pesa mais, entre os três sub-indicadores componentes do IGP-M, com participação de 60% no resultado total. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa a inflação atacadista, mais que dobrou entre a segunda prévia de setembro e igual prévia em outubro, de 0,40% para 0,83%. Todas as cinco principais elevações de preço, que puxaram para cima o IPA na segunda prévia, eram commodities: minério de ferro (8,16%); bovinos (5,29%); cana-de-açúcar (3,48%); carne bovina (4,68%) e açúcar VHP (4,99%).

No caso do minério, o técnico citou as recentes notícias sobre aquecimento da economia chinesa como uma das razões para alta do preço do item. A China é a maior compradora global de minério do Brasil.

A influência do atacado foi tão forte que acabou por diminui impacto, no indicador, da desaceleração de preços do varejo. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), 30% do IGP-M, passou de 0,23% para 0,14%, entre segunda prévia de setembro e igual prévia em outubro.

O especialista ponderou que, de maneira geral, vários segmentos podem ajudar a manter preços do atacado em alta - e, também, a impulsionar retorno de aceleração de preços, no varejo.

No caso do setor atacadista, ele informou não ser impossível continuidade de alta no preço do minério. Neste semana, a China anunciou alta de 4,9% no PIB do terceiro trimestre, ante mesmo período em 2022. Isso demonstra permanência de aquecimento da economia chinesa.

Ao mesmo tempo, produtos em alta no atacado, no momento, podem conduzir a repasses a seus respectivos derivados no varejo. São os casos de cana-de-açúcar e bovinos, mais caros no momento, no setor atacadista. “Acho que alimentação no varejo pode voltar a subir”, completou Braz. Da segunda prévia de setembro para igual prévia em outubro, a variação de preços dos alimentos no IPC passou de -0,58% para -0,60%.

Ao ser questionado se a arrancada de preços no atacado poderia acelerar, até fechamento de coleta de preços, e conduzir o IGP-M completo de outubro para mais de 1%, Braz disse não acreditar nessa hipótese. Para ele, os sinais até o momento são de que o índice deve encerrar o mês próximo ao resultado da segunda prévia, anunciada ontem.

“E, para taxa anual do IGP-M de 2023, muito improvável que não encerre negativa”, reiterou. Para ele, não daria tempo, em menos de três meses, de a variação em 12 meses do índice voltar a subir.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 20/10/2023