Redução de imposto de importação do vergalhão de aço não teria efeito na inflação, diz setor

Redução de imposto de importação do vergalhão de aço não teria efeito na inflação, diz setor

Em reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira, o setor de produção de aço defendeu que uma possível redução do imposto de importação do vergalhão de aço não teria efeito no combate à inflação.

De acordo com o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, a redução prevista pelo governo seria só para o vergalhão de aço, que teria seu imposto de importação modificado de 10,8% para 4% de julho até o fim do ano.

Fontes do governo, contudo, têm dito que o imposto seria zerado. Não há ainda nenhum documento oficial. A medida deve ser discutida na quarta-feira pelo Comitê Executivo da Câmara de Comércio Exterior (Gecex).

Segundo Mello Lopes, Guedes relatou que vinha recebendo “pressão intensa” de construtores ligados ao programa Casa Verde e Amarela para uma redução dos preços. O presidente do Aço Brasil afirmou que as informações levadas por esses construtores ao ministro “não procedem”.

— O impacto inflacionário do aço na inflação é baixíssimo, a lógica é que o setor não seja penalizado em função de pressões que um determinado segmento, que seja premiado desse tipo de redução de imposto de importação,está fazendo —disse Mello Lopes.

Marcos Faraco, presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil  e vice-presidente da Gerdau Aços Brasil, Argentina e Uruguai, também participou da reunião e relatou que disse ao ministro que o mercado está plenamente abastecido e que o país tem o vergalhão mais barato do mundo em dólar.

— Não faz nenhum sentido essa discussão que está sendo trazida da redução da alíquota de importação. Ela é inócua, não atende ao interesse da economia, não atende ao interesse do setor, atende simplesmente interesses específicos de um setor importador — defendeu.

Segundo Faraco, os representantes do setor apresentaram estudos ao ministro que mostrariam o pequeno impacto da inflação do vergalhão nos preços da construção de modo geral. Ele relatou que Guedes pediu a equipe do ministério para reavaliar as discussões com base nas informações apresentadas pelo Aço Brasil.

— Nossa expectativa é que o governo olhe nossos argumentos. A gente acredita sim que o governo entende, tem bom senso e a nossa expectativa é que reverta essa orientação que ontem foi de alguma forma comunicada — disse.

Durante a coletiva, o presidente do Instituto Aço Brasil disse que o setor de construção civil passou informações ao ministro de que o preço teria aumentado acima dos 100% e que o setor estaria passando por dificuldades e levando ao desemprego.

Em nota, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria e Construção (CBIC), José Carlos Martins, disse que a entidade nunca disse que houve uma redução de contratação do setor, mas que fez um alerta da queda das vendas pelo FGTS.

"A informação correta é que hoje a indústria da construção está contratando por ter vendido bem no passado. Afinal, como sempre enfatizamos, a contratação de ontem é o emprego de hoje. Foi feito, sim, um alerta ao poder público de que recentemente as vendas caíram no FGTS em torno de 50% e que pode resultar no desemprego futuro, pela retração nos lançamentos. Afinal, existe um descasamento entre a capacidade de compra das pessoas com o preço do imóvel", aponta.

Ainda segundo o presidente da CBIC, o aumento do custo da construção é muitas vezes puxada pelo aço.

"Estudo feito pela CBIC mostrou que em uma habitação, por exemplo, um terço do acréscimo teve um único componente, o aço. Ou damos um choque de oferta ou os brasileiros continuarão com acesso precário a moradias e a tantas outras coisas", diz.

Fonte: O Globo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/05/2022