Produção industrial sobe 0,3% em maio, após queda em abril

Produção industrial sobe 0,3% em maio, após queda em abril

A indústria brasileira voltou para o campo positivo em maio, puxada pela produção de petróleo e minério de ferro. Após recuar 0,6% em abril, o setor cresceu 0,3% no mês anterior. O avanço foi disseminado entre as atividades, com três das quatro categorias econômicas em alta. No ano, porém, o setor acumula retração de 0,4% e segue abaixo do patamar pré-pandemia.

As informações são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta terça-feira pelo IBGE.

19 dos 25 ramos investigados avançaram em maio, o maior espalhamento desde setembro de 2020. À época, o setor se recuperava dos impactos da pandemia
O setor, contudo, segue andando de lado: No acumulado em 12 meses, registra variação nula (0%)
A indústria se encontra 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, e 18,1% abaixo do nível recorde, alcançado em maio de 2011.

O que dizem os analistas?

Apesar de um crescimento disseminado em maio, economistas não alteram a perspectiva de mais um ano difícil para a indústria brasileira. O setor continua operando no patamar de janeiro de 2009 segundo o IBGE.

Em comentário, Claudia Moreno, economista do C6 Bank, mantém a visão de que a indústria vai retrair este ano por conta dos juros elevados e estagnação global da atividade manufatureira:

— Projetamos que a produção industrial feche o ano com uma queda de cerca de 1% — afirma a analista.

João Savignon, gerente de pesquisa macroeconomica da Kínitro Capital, concorda:

— Os desafios para o setor industrial seguem inalterados, com uma conjuntura econômica desafiadora no ano, especialmente no que diz respeito à perspectiva de menor fôlego da demanda por bens e manutenção dos juros elevados (maior custo do crédito e endividamento).

O que diz o IBGE?

Segundo o IBGE, fatores conjunturais ajudam a explicar a leitura positiva da indústria. Por outro lado, o setor ainda continua longe de recuperar e reverter as perdas do passado:

— Uma inflação mais controlada pode significar alguma melhora para o consumo das famílias. Mas temos uma taxa de juros ainda elevada, e isso impacta endividamento e inadimplência e traz reflexos negativos para o setor industrial — diz André Macedo, gerente da pesquisa.

Produção de veículos volta a crescer, após paralisações e férias coletivas

Das quatro categorias econômicas, três registraram alta em maio. Na análise por atividade, 19 das 25 segmentos investigados avançaram em maio, o maior espalhamento desde setembro de 2020.

Bens de capital: 4,2%
Bens intermediários: 0,1%
Bens de consumo duráveis: 9,8%
Bens de consumo semi e não duráveis: -1,1%

A atividade de derivados do petróleo, que puxou o setor no mês, já sobe pelo quarto mês seguido e acumula alta de 15% no período. Já o setor de veículos, segmento importante para a indústria brasileira, voltou a crescer em maio e foi o segundo que mais contribuiu para o resultado.

Segundo Macedo, o crescimento em maio é explicado pela volta à produção. A expectativa das montadoras de veículos com relação ao programa de descontos para compra de carros populares, anunciado em junho pelo governo federal, também pode estar por trás da alta do setor.

— Março e abril foram marcados pelas paralisações e as concessões de férias coletivas no setor — lembra o gerente da pesquisa.

O avanço da atividade de máquinas e equipamentos também ajudou o setor a recuperar parte da perda apontada em abril. Segundo Macedo, os destaques foram a produção de bens de capital (itens usados na produção de outros equipamentos na indústria) voltados para o setor agrícola e para a área de construção.

Também registraram alta em maio as indústrias extrativas (1,2%), produtos de metal (6,1%), outros equipamentos de transporte (10,2%), metalurgia (2,1%), produtos diversos (6,6%) e couro, artigos para viagem e calçados (4,9%).

Na outra ponta, a produção de produtos alimentícios (-2,6%) recuou pelo quinto mês consecutivo, puxado pela queda na produção de carne bovina e derivados de soja. Macedo ressalta, porém, que a atividade tem um peso de 15% na pesquisa e vem de uma sequência de bons resultados no fim do ano passado. Já a de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, que também já havia apresentado ligeira retração em abril, despencou 9,7%.

— A oscilação de resultados tem a ver com a produção: há meses em que é mais acentuada e há taxas de dois dígitos, como no fim do ano passado, e, em outros, há redução, por ser um setor que trabalha com um controle dos estoques — explica o pesquisador.

Fonte: O Globo
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 05/07/2023