Produção de aço no mundo fica estável ante 2023, mas China volta a crescer em maio
Produção de aço no mundo fica estável ante 2023, mas China volta a crescer em maio
Com o crescimento de 1,5% visto em maio na comparação anual, a produção mundial de aço bruto nos cinco primeiros meses de 2024 praticamente igualou os volumes produzidos globalmente no mesmo período do ano passado, em torno de 793,2 milhões de toneladas, segundo levantamento da World Steel Association (Worldsteel), cujos membros representam 85% da oferta mundial.
A expansão no mês foi puxada pela China, que voltou a acelerar a produção do insumo, com alta de 2,7%, para 92,9 milhões de toneladas. Índia e Turquia, que são ‘players’ importantes na indústria global, também seguem em rota de crescimento, neste caso desde o início do ano, mas ainda há incertezas quanto ao ritmo que será empregado pelas siderúrgicas chinesas nos próximos meses.
Do lado da economia doméstica, o gigante asiático segue dando sinais de fraqueza, o que indica menor consumo interno de aço. Do lado das exportações de produtos siderúrgicos, é crescente o número de países que têm adotados medidas de defesa comercial contra os chineses, o que poderia prejudicar novas altas expressivas nos embarques.
Segundo a Worldsteel, o volume de aço ofertado pelas siderúrgicas chinesas no acumulado de janeiro a maio ainda é menor na comparação anual. No intervalo, foram produzidas 438,6 milhões de toneladas nas usinas locais, 1,4% menos do que o visto em 2023. Esse volume equivale a pouco mais de 55% da produção mundial do insumo nos cinco primeiros meses do ano.
Ainda assim, para fontes da indústria ouvidas pelo Valor, a China deve seguir recorrendo às exportações de forma a manter um ritmo de operação “mínimo” para seus planos de crescimento econômico em 2024, mesmo com as barreiras impostas a seus produtos. “É uma política de Estado”, avalia uma das fontes. Além disso, não é só o aço chinês que tem entrado no mercado brasileiro com preços predatórios.
Recentemente, o Brasil se juntou ao grupo de países que adotou medidas para proteger sua indústria da concorrência desleal no mercado de aço. O estabelecimento de cotas para importação de 11 tipos de produtos siderúrgicos, com alíquota de 25% sobre o volume excedente, foi bem recebido pelo setor, mas ainda não teve resultados concretos, inclusive porque acaba de entrar em vigor.
Para o Instituto Aço Brasil, a melhora deverá ser vista no decorrer do segundo semestre e já se traduziu em projeções mais otimistas para as siderúrgicas instaladas no país, que esperam que o mercado brasileiro deixe de receber 1,5 milhão de toneladas de produtos siderúrgicos até o fim de 2024, na esteira das medidas de defesa comercial.
Com isso, o setor passou a projetar expansão de 0,7% na produção de aço neste ano, a 32,2 milhões de toneladas, contra previsão anterior de queda de 3%. Para as importações, a estimativa, que era de crescimento de 20%, agora é de queda de 7%, a 4,7 milhões de toneladas. Já as vendas internas devem crescer 2,5%, para 20 milhões de toneladas, em comparação à previsão inicial de retração de 6%.
Mas todo cuidado é pouco, alertaram as siderúrgicas. Até maio, conforme o Aço Brasil, as importações de produtos siderúrgicos seguiram em alta acentuada, de 26,4% no acumulado dos cinco meses, para 2,3 milhões de toneladas, enquanto a produção nacional ficou praticamente estável, com leve alta de 0,6% e 13,6 milhões de toneladas.
Além disso, após a vitória junto ao governo, os esforços das siderúrgicas estão voltados a monitorar a eficiência das medidas e se os exportadores ao Brasil estão buscando brechas à lista contemplada na medida. Isso significa acompanhar as importações de outras 27 NCMs “de fuga”, que podem ser usadas para burlar o sistema de cota-tarifa. Neste caso, o sinal amarelo já está aceso para vergalhões, que não aparecem na lista original do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex).
Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 03/07/2024