Prévia sinaliza deflação no IGP-M deste mês

Prévia sinaliza deflação no IGP-M deste mês

Beneficiada por quedas de preços em commodities no atacado, a primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de outubro caiu 1,01%. Além de ser menor que igual prévia em setembro (-0,80%), foi a mais baixa desde setembro de 2021 (-1,09%), informou André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) responsável pelo indicador. Para ele, o resultado abre espaço para IGP-M fechado de outubro ficar negativo - repetindo setembro.

Ao ser questionado se isso sinalizaria novo ciclo deflacionário na família dos Índices Gerais de Preços, Braz foi cauteloso. Explicou que o atual ciclo de commodities menos caras decorre de menor ritmo de economia mundial - que não dá sinais de término em breve. Isso poderia ajudar a manter os IGPs em queda. Mas o recente anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), de corte de oferta de petróleo ao mercado mundial, pode reverter esse quadro ao encarecer o petróleo e puxar o preço dos combustíveis no país.

Na primeira prévia do IGP-M de outubro, houve recuos de preços em commodities de peso na formação da inflação atacadista, que representa 60% do total do indicador. São os casos das quedas em minério de ferro (-8,18%); óleo diesel (-4,64%); cana-de-açúcar (-4,21%); gasolina automotiva (-5,07%) e bovinos (-2,93%).

“Os recuos abrangem commodities em geral, independentemente da origem, se é agrícola ou não”, notou o técnico. As retrações de preço, nesse tipo de produto, detalhou ele, estão sendo causadas por menor cadência de atividade global - que leva à menor demanda mundial por produtos. Com isso, houve aprofundamento da deflação no atacado, representado dentro do IGP-M pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA). Esse indicador passou de -1,01% para -1,36%, da primeira prévia de setembro para igual prévia em outubro.

Ao mesmo tempo, a permanência do IGP-M em queda, na primeira prévia também foi auxiliada por continuidade de deflação no varejo. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), 30% do IGP-M, passou de -0,24% para -0,08%, da primeira prévia de setembro para igual prévia em outubro. O IPC teve ajuda da continuidade de gasolina em queda de preço (-6,54%), na primeira prévia de outubro, para permanecer no terreno negativo.

O comportamento de preços dos combustíveis será decisivo na trajetória do IGPs até o fim do ano, acrescentou Braz. O especialista ponderou que várias commodities origem agrícola estão em queda de preços no atacado, como bovinos e cana-de-açúcar. Esses itens possuem cadeia de derivados no varejo, lembrou. Assim, ele não descarta pequena “trégua” nos preços dos alimentos, nos próximos meses. No entanto, um provável cenário de alimentos subindo menos, ou em queda, pode não ser suficiente para conduzir novas quedas às taxas mensais dos IGPs. Na prática, se os preços de combustíveis, como gasolina e diesel, voltarem a subir, isso vai elevar os resultados dos indicadores. “O futuro dos preços de combustíveis é volátil”, resumiu.

A FGV informou ainda que o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) passou de -0,07% para -0,02% da primeira prévia de setembro para a de outubro. O IGP-M acumula alta de 6,47%, até a prévia anunciada ontem.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 11/10/2022