Parceira Anglo American-Açu reaproveitará água de mineroduto

Parceira Anglo American-Açu reaproveitará água de mineroduto

A mineradora multinacional Anglo American e o Porto do Açu anunciaram uma parceria para estudar e aplicar, em unidades industriais, o reuso da água utilizada na operação do maior mineroduto do mundo, o Minas-Rio. Com 529 quilômetros de extensão, o empreendimento envolve o transporte de minério de ferro da mina, que funciona no município de Conceição do Mato Dentro, e do beneficiamento do produto, na cidade de Alvorada de Minas (ambas no estado de Minas Gerais), até o terminal portuário em São João da Barra, no Rio de Janeiro.

Anglo American e a Prumo Logística, que administra o porto privado são sócias em uma joint venture chamada Ferroport, que atua no empreendimento portuário. "Potencialmente, esse deve ser um dos maiores projetos de reaproveitamento de água do Brasil, com um volume que pode chegar a 0,3 metros cúbicos por segundo de água reutilizada”, revelou Ivan Simões, diretor de Assuntos Corporativos e Impacto Sustentável da Anglo American no Brasil, à Portos e Navios.

De acordo com Simões, o minério de ferro sai das plantas do empreendimento Minas-Rio da Anglo American (em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas) e atravessa 29 municípios até o Porto do Açu, onde passa por um processo de filtragem com a separação da água e do minério. Após esse processo, o minério – que será destinado à exportação – é armazenado no pátio de estocagem do terminal portuário.

“Atualmente, o efluente gerado pelo sistema de filtragem da água é tratado e majoritariamente descartado ao mar, seguindo estritamente todos os padrões legais”. Simões reforçou que essa nova parceria vai estudar o tratamento e a utilização de parte desse efluente nas plantas industriais do complexo (atuais e futuras), para que esses resíduos, gradativamente, deixem de ser descartados no mar e passem a ser reutilizados.

Negócios
Mineradora global com sede em Londres (Inglaterra), a Anglo American mantém suas operações no Brasil, há quase 50 anos, envolvendo dois tipos de negócios: a produção de minério de ferro, em Minas Gerais, e de ferroníquel em Niquelândia (GO). Somente no ano passado, o Minas-Rio produziu 22,9 milhões de toneladas de minério de ferro e 41,7 mil toneladas de ferroníquel, em território goiano. “Exportamos um minério premium, com alto teor de ferro (aproximadamente 67%), produzido no Minas-Rio, além de parte do ferroníquel, que é produzido em Goiás”, contou o diretor.

O ferroníquel produzido pela Anglo American abastece os mercados interno e externo, incluindo clientes de países da Ásia, Europa, África e América Central, sendo que a exportação é feita pelo Porto de Santos (SP). Já o minério segue para vários destinos, via Porto do Açu (RJ), como China, Malásia, Japão e Países Baixos.

Outros projetos de sustentabilidade
A partir de 2022, todo o consumo de energia elétrica da Anglo American – 300 megawatts (MW) médios – é proveniente de fontes renováveis como eólica, hidráulica e solar, marcando a conclusão da estratégia de aquisição de energia elétrica renovável por parte da empresa, rumo a uma operação cada vez mais sustentável. “Assim, 100% da nossa matriz elétrica provém de fontes renováveis”, disse Simões.

“Em 2020, a Anglo American no Brasil e a Casa dos Ventos se tornaram acionistas de Sociedades de Propósito Específico (SPEs), para a produção de energia renovável no parque eólico Rio do Vento, em um contrato de produção de 95 MW médios até 2041”, informou.

Quando alcançar sua totalidade operacional, o projeto Rio Vento ajudará a mitigar a emissão de 2 milhões de toneladas por ano de gás carbônio (CO2) na atmosfera. O empreendimento está localizado no Rio Grande do Norte, alcançando os municípios de Bento Fernandes, Caiçara do Rio Vento, Ceará-Mirim, Riachuelo e Ruy Barbosa.

Considerando toda a carga usada pela Anglo American, serão 2,6 milhões de MWh/ano de energia provenientes de fontes renováveis, equivalentes a 100% do consumo total das operações em território nacional. “A gestão de energia elétrica da companhia, no Brasil, resultará na redução de 1.366 mil toneladas de CO2 emitidas anualmente”, afirmou Simões.

Com esse contrato no país, o diretor destacou que a companhia contribuirá para o alcance dos objetivos do Plano de Mineração Sustentável do grupo em todo o mundo. Entre as metas desse plano está a redução da emissão de CO2 nas operações globais em 30%, até 2030

Mineração no Brasil
A mineração no Brasil passou por momentos delicados, após dois graves acidentes que vitimaram milhares de pessoas nas cidades de Brumadinho e Mariana, ambas em Minas Gerais. Nesse sentido, muitas empresas mineradoras que atuam no país tiveram de reforçar a fiscalização de suas barragens bem como melhorar seus respectivos projetos.

O diretor de assuntos corporativos e impacto sustentável da Anglo American garantiu que a barragem de rejeitos do Minas-Rio, que foi construída com aterro compactado e alteamento via “método a jusante”, é considerada a mais segura e conservadora. “Além da adoção do método construtivo mais rigoroso e seguro, o projeto segue normas técnicas rígidas – um conjunto de regras internas, além daquelas definidas por órgãos oficiais. A operação da barragem também segue legislações específicas e é autorizada pelos órgãos ambientais”.

Para garantir que essas normas sejam cumpridas, Simões destacou que a estrutura é fiscalizada, periodicamente, por órgãos responsáveis. “Um rigoroso programa de monitoramento acompanha, de forma permanente, o funcionamento da nossa barragem de rejeitos. Temos exigências internas mais restritivas que a atual legislação e estamos em dia com todas as auditorias, que geram as declarações de estabilidade exigidas pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam). Nosso programa de monitoramento é conduzido por profissionais da empresa e por consultores e empresas externas”.

Fonte: Portos e Navios
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 12/07/2022