Para Gerdau, demanda por aço no Brasil só deve se recuperar a partir do ano que vem

Para Gerdau, demanda por aço no Brasil só deve se recuperar a partir do ano que vem

O menor volume de vendas de aço da Gerdau no Brasil, que recuou 12% no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, deve permanecer estável pelos próximos dois ou três trimestres, na análise do presidente da companhia, Gustavo Werneck. Ele participou de coletiva de imprensa nesta quarta-feira (9) para comentar os resultados.

Após esse período, a expectativa da companhia é ter um cenário mais favorável de demanda por aço no país. Contam a favor o esperado anúncio do PAC, que só deve trazer resultados práticos a partir de 2024, uma retomada dos lançamentos imobiliários e novas linhas de transmissão de energia.

Cerca de 10% das vendas nacionais são feitas diretamente para incorporadoras imobiliárias.

A reforma tributária também foi citada por Werneck como um ponto que deve ajudar a solucionar a falta de competitividade para a exportação de aço do Brasil. Segundo ele, 20% da atual capacidade instalada no país são pensadas para exportação.

“Nossa expectativa é que a partir do final deste ano, e mais consistentemente em 2024, todas essas iniciativas se traduzam em retomada de demanda”, afirmou.

Jogando contra o desempenho da empresa no país está o alto índice de importação de aço, com taxa de penetração de 17%.

Metade disso é de produto chinês, afirma Werneck. “Temos enorme preocupação com a quantidade de produtos chineses que estão circulando no mercado mundial, em condições desalinhadas às práticas internacionais.”

O executivo afirmou ainda que a empresa não quer “benesses para produtos locais”, mas iniciativas que garantam uma competição justa. “Não dá para competir com aço subsidiado por alguns governos.”

Além das importações diretas de aço, Werneck alertou sobre importações indiretas, via máquinas e equipamentos.

O executivo também comentou as reservas certificadas de minério de ferro próximas à siderúrgica de Ouro Branco (MG). A ideia não é aumentar a produção no curto prazo, mas garantir a possibilidade de ampliação no futuro, afirmou, conforme a demanda se recupere.

Há um plano para ampliar a capacidade de produção de alguns tipos de aço, como para perfis estruturais, que substituem o concreto em construções. “Nos nichos em que há demanda adicional, vamos crescer a produção”, afirmou.

O preço do aço deve se manter estável nos próximos meses, de acordo com Werneck.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 10/08/2023