O setor siderúrgico da América Latina continua em desvantagem com o da Ásia

O setor siderúrgico da América Latina continua em desvantagem com o da Ásia

04/11/2021 | Assessoria de Imprensa Alacero

As grandes desvantagens existentes entre as economias da América Latina e as dos seus concorrentes da Ásia em geral, e da China em particular, representam um risco para o desenvolvimento da indústria siderúrgica na região. A conclusão é do Estudo de Assimetrias, encomendado pela Associação Latino-Americana do Aço (Alacero) ao Prof. Dr. Germano Mendes de Paula, que se concentrou na análise da situação da Argentina, Brasil, Colômbia e México em comparação com a da Coreia do Sul, Índia, Vietnã e China. 

Questões como o nível educacional dos países, o número de horas necessárias para cumprir as obrigações tributárias, a baixa disponibilidade de financiamento local e a qualidade dos serviços de logística estão diretamente relacionados à competitividade e ao crescimento das indústrias, além de terem influência na hora de comparar as vantagens entre regiões para a tomada de decisões sobre onde realizar um investimento.  

A posição desfavorável revelada pelo estudo ao analisar essas e outras variáveis de maneira comparativa tem como resultado um declínio do nível de produção da indústria manufatureira latino-americana de 0,6% entre 2010 e 2018, enquanto na Ásia houve uma visível alta, de 1,5% no mesmo período.  

No caso específico da China, as exportações de produtos metalmecânicos passaram de US$ 858 bilhões em 2010 para US$ 1,3 trilhão em 2019. Considerando os quatro países latino-americanos analisados, o déficit com a China de produtos siderúrgicos teve um aumento de US$ 2,4 bilhões em 2010 para US$ 3,2 bilhões em 2014 e 2015, com uma queda posterior para US$ 2,4 bilhões em 2019.  

Alejandro Wagner, Diretor Executivo da Alacero, destaca: “A América Latina está em uma posição de desvantagem em determinadas variáveis, mas tem a seu favor o fato de ser uma das regiões com a produção de aço por tonelada mais limpa e sustentável do mundo. Em um contexto global que demanda um compromisso cada vez maior com a busca de alternativas amigáveis com o meio ambiente e que reduzam as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, a nossa indústria pode assumir um papel de protagonista”. 

“Conseguir que o futuro da indústria seja cada vez mais sustentável é o caminho para sustentar o desenvolvimento do nosso setor e, com isso, também estamos nos referindo ao desenvolvimento das comunidades da América Latina, cujo crescimento está diretamente relacionado ao nosso por meio de milhares de postos de trabalho de alta qualidade que funcionam como um dos principais motores econômicos locais. A indústria siderúrgica gera mais de 1,2 milhão de empregos, entre diretos e indiretos, com salários acima da média do restante do setor manufatureiro”, conclui.  

O estudo mostra que os salários do setor são 86% superiores no México; 70% na Argentina; 55% no Brasil e 41% na Colômbia, se comparados aos da indústria manufatureira como um todo. 

No entanto, enquanto em 2020 a carga tributária na Ásia foi de 25% e no restante do mundo ficou em 23,8%, na América Latina atingiu 31,8%.  

No que diz respeito ao nível educacional, o desempenho das nações latino-americanas na avaliação PISA de 2018, promovida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), foi inferior ao dos países da Ásia: enquanto China, Vietnã e Índia superaram os 500 pontos, México, Argentina, Colômbia e Brasil ficam na casa dos 400 pontos, abaixo da média da OCDE, de 489 pontos. 

Quanto ao Índice de Desempenho Logístico (LPI, sigla em inglês), os países asiáticos subiram de 3,30 para 3,42 entre 2010 e 2018. A América Latina caiu de 3,03 para 2,97 pontos no mesmo período. A desvantagem competitiva latino-americana se ampliou em cinco dos seis índices que compõem o LPI internacional: alfândega, infraestrutura, qualidade dos serviços de logística, rastreabilidade e acompanhamento, e pontualidade. 

Além disso, a pressão financeira, observada tanto pela baixa disponibilidade de crédito como pelas altas taxas de juros, é outra grande desvantagem competitiva da região.  

Em suas conclusões, o Prof. Mendes de Paula afirma: “para reduzir as assimetrias competitivas e o risco de desindustrialização é preciso fortalecer a recuperação econômica por meio da promoção de investimentos privados e estrangeiros, diminuir o custo país em aspectos como impostos e logística, estimular a infraestrutura e fortalecer a cadeia de valor metalmecânica”. 

Para saber mais sobre este tema: a Alacero convida para o webinar “O valor da indústria na América Latina, motor da recuperação pós-pandemia”, que contará com a participação do Prof. Mendes de Paula e será realizado no dia 9 de novembro às 19:00 (hora do Brasil e da Argentina), 17:00 (hora da Colômbia) ou 16:00 (hora do México). Mais informações no link: https://rb.gy/tiyf4q 

Para entrar em contato com a Alacero: comunicaciones@alacero.org