O estrago nas ações da construtora que faz obra de metrô que desmoronou

O estrago nas ações da construtora que faz obra de metrô que desmoronou

As obras da Linha 6-Laranja do Metrô que fizeram parte do asfalto da pista local da Marginal Tietê ceder nesta terça-feira, 1°, não causaram estrago só na vida dos motoristas que por ali trafegam. A notícia atravessou rapidamente o Oceano Atlântico e fez desabar as ações da Acciona, a construtora responsável pela obra e que está listada na bolsa de Madrid, na Espanha. Logo depois do acidente, as ações chegaram a afundar quase 6%, e fecharam em queda de 3%. Em nota, a empresa disse que “todas as medidas de contingência já foram tomadas e que, por questão de segurança, a pista está parcialmente interditada”, mas não revelou as causas do acidente.
 

Acciona, responsável pelas obras do metrô de SP, atua no Brasil há 25 anos; saiba mais

Conglomerado espanhol opera em 60 países. Veja outras obras em que o grupo participou

O conglomerado espanhol Acciona, responsável pelas obras da Linha 6-Laranja do metrô de São Paulo, opera em 60 países e está no Brasil há mais de 25 anos. O grupo é formado por mais de 100 empresas e tem sede em Madri. Está aqui desde 1996 e possui mais de 1.500 profissionais em Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Pernambuco.

Por 10 anos manteve a concessão da chamada Rodovia do Aço (BR-393), vendida à KT2 em 2018, participou das obras do Porto do Açu, no Rio de Janeiro, além da construção de dois lotes do Rodoanel Norte, em São Paulo. Também venceu licitações para a construção de linhas e estações de metrô em Fortaleza.

No ano passado, a companhia adquiriu a concessão da Linha 6 do metrô de São Paulo, inicialmente da Move São Paulo, formada por Odebrecht, Mitsui, UTC e Queiroz Galvão. O empreendimento é fruto da parceria público-privada (PPP) do governo do Estado de São Paulo com a Concessionária Linha Universidade. No projeto, a Linha Uni é a concessionária e a Acciona é responsável pela construção e um dos acionistas da concessionária. Os trens serão futuramente fornecidos pela francesa Alstom, que não faz parte do consórcio.

As obras da Linha 6 estão em execução pelo braço de construção do grupo Acciona. Depois de finalizada, a Linha 6 será operada pela Linha Uni por 19 anos, segundo assessoria de imprensa do grupo espanhol. A linha nova terá 15 km de extensão, 15 estações, e ligará Brasilândia, na zona norte, à Estação São Joaquim, na região central de São Paulo. A previsão é que transporte cerca de 630 mil passageiros por dia.

As obras da Linha 6 ficaram paradas de setembro de 2016 a fevereiro de 2020, quando o governo paulista anunciou que a Acciona assumiria o contrato.

Para dar continuidade ao projeto, a concessionária obteve empréstimo de R$ 7 bilhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aprovado no fim de dezembro. O projeto total está orçado entre R$ 15 bilhões e R$ 17 bilhões.

Em entrevista ao Valor em novembro, José Manuel Entrecanales, presidente-executivo global do grupo, disse que a segurança jurídica em torno do contrato da Linha 6-Laranja era uma variável que pesava sobre decisões futuras de investimento no Brasil. Em agosto, o ministro Dias Toffoli considerou inconstitucional a transferência de concessões de uma empresa para outra e, além disso, determinou que fossem desfeitas operações realizadas nesses moldes — como a compra da concessão do metrô pela Acciona. Desde que o voto veio à tona, houve sinais de que esse entendimento pode ser revertido no tribunal: o ministro Gilmar Mendes pediu vista, e o próprio Toffoli sinalizou que pode alterar o relatório. O caso segue em aberto.

Na entrevista ainda, Entrecanales afirmou que o plano para a próxima década é ampliar de forma significativa a operação de infraestrutura no Brasil. “Há vetores de crescimento para todas as áreas de negócio da Acciona: saneamento, tratamento de água, transporte, energia renovável, mobilidade urbana”, disse, ao projetar que o mercado brasileiro ultrapassará o europeu dentro da empresa nos próximos dez anos e se tornará um dos três principais locais de atuação do grupo, ao lado dos Estados Unidos e Austrália.

No ano passado, o grupo espanhol decidiu entrar no mercado brasileiro de geração de energia renovável. A companhia adquiriu a Casa dos Ventos, projeto eólico em desenvolvimento na Bahia, com potência de 850 MW e investimentos projetados em R$ 4,8 bilhões. A expectativa é que a construção comece entre o fim deste ano e o começo de 2023.

A empresa planeja também a possível construção de uma usina solar, em área contígua ao parque eólico, que usaria a mesma estrutura de transmissão. Estima-se que a expansão agregaria mais 200 MW de potência e demandaria investimentos adicionais na ordem de R$ 800 milhões.

A Acciona estuda ainda projetos como: o Trem Intercidades (TIC) entre São Paulo e Campinas, leilões de saneamento básico em diversos Estados, a concessão da rodovia BR-381/262 entre Minas Gerais e Espírito Santo, além de um projeto imobiliário em Salvador.


Fonte: Info Notícias
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 02/02/2022