Não há clima político para revisar barreira a aço brasileiro, dizem EUA

Não há clima político para revisar barreira a aço brasileiro, dizem EUA

O governo de Joe Biden sinalizou ao Brasil que não atenderá tão cedo a demanda para revisar as cotas que limitam a entrada do aço nacional no mercado americano, apesar de já ter feito acordos com União Europeia e Japão.

O Valor apurou que o subsecretário americano de Comércio, Don Gaves, quando esteve em Brasília há cerca de um mês, avisou a representantes brasileiro que não havia clima político ainda nos EUA para tratar da revisão da situação dos siderúrgicos brasileiros.

Contudo, o número 2 do Departamento do Comércio “prometeu envidar os melhores esforços”, segundo uma fonte. Procurado pela reportagem, o Itamaraty não fez nenhum comentário até o fechamento desta edição.

Por sua vez, a representante comercial dos EUA Katherine Tai, ao ser indagada recentemente numa entrevista sobre uma retirada de tarifas sobre o aço da China, respondeu que, “com respeito às tarifas, nossa abordagem como com todo mundo nessa relação é para ser estratégica”.

As restrições ao aço brasileiro foram impostas em 2018 na administração de Donald Trump. Foi quando Trump, no meio das tensões com comerciais com a China, decidiu que a que o aço estrangeiro ameaçava “debilitar a segurança nacional” e impôs taxa adicional de 25% na importação de produtos siderúrgicos e de 10% na importação de alumínio, provocando irritação de aliados de Washington que viram a medida como retaliação.

De US$ 2,3 bilhões de aço que o Brasil exporta em média para os EUA por ano em média, 85% é de semiacabado, ou seja, matéria-prima para as siderúrgicas americanas fazerem o produto final.

No governo Biden, em outubro, os EUA e a União Europeia fecharam acordo pelo qual Washington manteve as tarifas adicionais, mas isentou uma certa quantidade, permitindo às companhias europeias voltar a vender um certo volume dito histórico por uma cota. Mais tarde, Washington fechou acordo com o Japão, outro grande aliado, eliminando desde abril as tarifas dentro de uma cota de importação de 1,25 milhão de toneladas de aço japonês - volume ainda inferior a 1,8 milhão de toneladas exportados pelo Japão em 2018.

Mas com o Brasil a constatação em Brasília é de que o governo Biden não tem apetite para tratar de comércio. Na semana passada, na Cúpula das Américas, os EUA insistiram em discurso sobre redesenhar as cadeias de abastecimento, em meio à nova situação geopolítica, mas não mostraram nada concreto, segundo fonte.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 14/06/2022