Minério de ferro: tendência é de alta no preço, mas China preocupa

Minério de ferro: tendência é de alta no preço, mas China preocupa

Analistas do mercado financeiro projetam uma tendência de alta no preço do minério de ferro no curto e médio prazo, embora a cotação da matéria-prima tenha caído nessa segunda-feira (18) motivada pela crise imobiliária da China. Apesar da projeção de ganhos na cotação do insumo, a situação da economia chinesa é realmente preocupante, de acordo com os especialistas. O país asiático é o maior consumidor mundial do produto e tem o Brasil como um grande fornecedor. 

Nessa segunda, o insumo mais negociado em janeiro na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações do dia com perda de 0,2%, a US$ 119,53 por tonelada. Enquanto na Bolsa de Cingapura, o contrato de referência do ingrediente siderúrgico para outubro caiu 0,9%, para US$ 121,90 por tonelada. As quedas vieram após aumentos substanciais na semana anterior e o analista de investimentos da Mirae Asset, Pedro Galdi, destaca justamente isso.

Conforme ele, a cotação do minério de ferro subiu quase 6% na semana passada e a elevação pode ser atribuída a possível decisão das siderúrgicas chinesas de reabastecer seus estoques antes dos feriados do Festival do Meio Outono e do Dia Nacional da China. O primeiro acontece em 29 de setembro e o segundo em 6 de outubro. Galdi avalia que é provável que se observe, até os dias festivos, uma pressão altista no preço da matéria-prima que serve de base para diversas indústrias.

Pensando mais a longo prazo, o especialista ressalta, contudo, que as constantes oscilações da economia do país asiático podem ter impacto sobre a cotação no futuro. “Mas claramente a situação da economia chinesa é duvidosa, intercalando indicadores com sinais de fraqueza e alguns um pouco melhores. O governo continua lançando pacotes de estímulo, mas a cenário do mercado imobiliário realmente é difícil e pode influenciar preço do minério de ferro lá na frente”, avaliou.

Oferta limitada e dependência brasileira 

O assessor da iHUB Investimentos, Thiago Oliveira, também estima que o preço da commodity continuará elevado no curto e médio prazos, em função do fomento do governo chinês ao setor. “Porém, vale ressaltar que a oferta limitada desses minérios em um momento de grande demanda por metais, com perspectivas reduzidas de aumento na capacidade das empresas do setor quando os desafios macro diminuírem, deverá proporcionar suporte às empresas”, salientou.

No cenário de iniciativas governamentais para tentar reverter o quadro de fraqueza do mercado imobiliário, a China anunciou, no último dia 31 de agosto, que os pagamentos iniciais mínimos para hipotecas serão reduzidos para 20%. Esse percentual vale para quem está comprando um imóvel pela primeira vez. Antes, aqueles que compravam casas em cidades como Xangai e a capital chinesa Pequim precisavam desembolsar cerca de 30% a 40% como entrada.

Já a economista da Valor Investimentos, Paloma Lopes, aponta uma preocupação para a dependência brasileira com relação ao minério de ferro. Com uma das maiores reservas do mundo, o Brasil é um dos principais produtores e exportadores da matéria-prima, o que a torna um pilar fundamental para a estabilidade econômica do País. Segundo ela, ainda que a situação não se propague de forma imediata, as oscilações no mercado podem afetar o ritmo da economia.

Na visão da especialista, o ponto de atenção para os brasileiros não se limita apenas ao vínculo à commodity, mas abrange o panorama geral econômico chinês. “O que estamos mais preocupados, na verdade, não é só a situação do minério de ferro na China, mas, sim, o ritmo como um todo da economia chinesa, dado que ela é um dos maiores mercados consumidores, quanto mais ele recua mais a gente tem a possibilidade de uma recessão no Brasil”, ressaltou.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/09/2023