Minério de ferro tomba mais de 11% em fevereiro com menor demanda

Minério de ferro tomba mais de 11% em fevereiro com menor demanda

Os preços do minério de ferro acentuaram a trajetória de queda na reta final de fevereiro, com a demanda de aço mais fraca do que o previsto no retorno do feriado prolongado do Ano Novo chinês. Com o início da temporada sazonalmente mais forte para a construção civil na China em março, por causa da menor incidência de chuvas, pode haver aquecimento na procura por produtos siderúrgicos e, consequentemente, pela matéria-prima. Mas, até agora, as estatísticas não indicam retomada acentuada na atividade econômica ou na produção local de aço.

Ontem, segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% de ferro encerrou o dia em alta modesta, de 0,2%, negociado a US$ 117,10 por tonelada em portos no norte da China. Ainda assim, é o menor preço de fechamento do mês desde julho e a principal matéria-prima do aço acumulou perda mensal de 11,2%, ampliando a 16,7% a desvalorização registrada em 2024 no mercado transoceânico. Na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), os contratos mais negociados, com entrega em maio, cederam 0,17%, para 892 yuan (cerca de US$ 124) por tonelada.

No ano passado, lembra o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, a China entregou o crescimento proposto, de mais de 5%. Foi um ano surpreendentemente bom também para a siderurgia local, suportada por exportações, infraestrutura e indústrias de linha branca e máquinas pesadas, mais do que compensando a fraqueza no setor imobiliário, importante consumidor de aço.

Nesse ambiente, o minério chegou a US$ 140 por tonelada em dezembro. De lá para cá, contudo, são duas quedas mensais consecutivas. “O setor imobiliário continua fraco”, pondera Sasson. “As notícias pós-Ano Novo chinês parecem indicar um pessimismo maior do que o esperado com o setor de construção e propriedades. Mas ainda é preciso conhecer o conjunto de dados de atividade pós-Ano Novo chinês. Poucos foram divulgados.”

Analistas do banco australiano ANZ compartilham dessa visão. Em nota, segundo a agência Reuters, disseram que a China está entrando no período de pico das obras, mas há poucas evidências de que as usinas estão elevando a produção de aço. Segundo o banco, a demanda mais fraca do que o habitual no retorno do feriado conteve o ímpeto de retomada das operações nas siderúrgicas. Por outro lado, estoques baixos de minério nas usinas podem levar a um movimento de compra nas próximas semanas, ponderaram.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 01/03/2024