Minério de ferro cai mais e pode chegar a US$ 85 em 2023

Minério de ferro cai mais e pode chegar a US$ 85 em 2023

Os preços do minério de ferro perderam força nas últimas semanas, em meio ao aumento da oferta global e à tendência de elevação dos estoques nos portos chineses. Sazonalmente, a segunda metade do ano é marcada pela maior disponibilidade da commodity e, após um primeiro semestre de déficit, o ritmo atual sugere que haverá excesso de oferta, na avaliação do UBS BB.

Segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% avançou 3,5% nesta quinta-feira (29) no norte da China, para US$ 98,85 por tonelada, com a aceleração das compras no mercado à vista às vésperas do feriado prolongado do Dia Nacional da China, celebrado em 1º de outubro. Ainda assim, a principal matéria-prima do aço acumulava baixa de 2,1% em setembro e de quase 17% em 2022.

Para os analistas do UBS BB, a elevação dos estoques nos portos chineses e a desvalorização recente do minério ilustram essa reversão na relação entre oferta e demanda, em tendência que deve se manter e levar os preços a US$ 85 por tonelada no fim de 2023, US$ 80 por tonelada em 2024 e US$ 75/tonelada em 2025.

Em relatório, o banco aponta que os embarques de minério a partir do Brasil subiram 19% na última semana, para 8,8 milhões de toneladas - na Vale, as expedições cresceram 2% na semana, para 6 milhões de toneladas, e a percepção é a de que a mineradora está no caminho para cumprir a meta estabelecida para 2022.

Conforme os analistas, saindo do Brasil, as cargas da commodity levam cerca de 45 dias até os portos de destino na China, onde os estoques permaneceram estáveis em 38 dias. “Com a redução sazonal na demanda e na produção de aço típica do segundo semestre, combinada ao aumento da oferta, os estoques voltaram a subir, colocando pressão de baixa nos preços”, escreveram.

Para o principal analista de metais e mineração da S&P Global, Ronnie Cecil, as exportações brasileiras da commodity atingiram um pico de 33,5 milhões de toneladas em agosto, considerando-se os últimos 12 meses. No acumulado dos oito primeiros meses do ano, contudo, estão 13,6 milhões de toneladas abaixo do visto no mesmo intervalo de 2021, em meio aos cortes na produção de aço na Europa e Nordeste da Ásia e condições climáticas adversas no início do ano. A expectativa é que os embarques sigam crescentes no restante do ano, limitando o declínio nas exportações anuais em 10,7 milhões de toneladas e resultando em projeção de 346,6 milhões de toneladas para as expedições brasileiras no ano.

“As receitas de minério de ferro também estão sob pressão, com a média do preço de referência recuando 20% no acumulado do ano em relação a 2021. Os preços mais fracos são resultado da desaceleração econômica global, que levou a cortes na produção de aço e menor demanda por minério de ferro”, diz em nota o especialista.


Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 30/09/2022