Mineradoras: manutenção de investimentos, exportações, faturamento e perdas no mercado à vista

Mineradoras: manutenção de investimentos, exportações, faturamento e perdas no mercado à vista

Mineradoras veem manutenção de investimentos independentemente de eleições, diz Ibram

As mineradoras brasileiras preveem um cenário de manutenção de investimentos no setor independentemente do resultado das eleições, afirmou nesta quinta-feira o diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Julio Nery.

"As duas posições, mesmo sendo bastante diferentes, em uma a gente teria uma certa continuidade da política atual, a gente não espera grandes mudanças, e na outra seria algo que já foi observado", afirmou Nery, comentando as diferenças entre os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Vamos dizer assim, um governo Lula... o que a gente espera é que ele seja mais ou menos na mesma linha do que foi nos anteriores. Então por isso a gente não espera que haja uma fuga de investimentos devido à eleição."

Segundo estimativas do Ibram, a indústria da mineração irá investir cerca de 40 bilhões de dólares no Brasil entre 2022 e 2026, sendo cerca de 4 bilhões de dólares em investimentos socioambientais.

Apesar das declarações, o Ibram já se colocou contra pelo menos uma das propostas incluídas no programa de governo do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que seria a cobrança de uma taxa adicional de mineradoras que atuam em áreas de maior rentabilidade.

Mas o diretor do Ibram não deu mais detalhes nesta quinta-feira sobre as impressões do setor diante das eleições.

Os comentários de Nery ocorreram durante coletiva on-line para comentar os resultados da indústria mineral brasileira no terceiro trimestre.

RESULTADOS TRIMESTRAIS

A receita do setor caiu 30% entre julho e setembro ante um ano antes, para 75,8 bilhões de reais, apesar de um leve aumento na produção, devido a um recuo de 37,3% dos preços do minério de ferro no período, apontaram dados do Ibram.

O minério de ferro representou, no terceiro trimestre, 64% do faturamento total da indústria da mineração.

"Nossos resultados ao final do ano devem ser mais modestos do que foram em 2021", disse Nery, pontuando acreditar que haja estabilidade dos preços do minério de ferro pelo menos até o final deste ano.

Os preços da commodity foram impactados com a redução da produção e da demanda de aço na China, apontou o diretor. Restrições à produção industrial na China em razão da Covid-19 e fenômenos climáticos, como tufões e chuvas intensas, também influenciam o mercado e a produção de aço naquele país, que é o principal consumidor de minério de ferro brasileiro.

Nery destacou ainda que as consequências do conflito na Ucrânia também impactaram os mercados, com reduções na oferta de minério e crise de energia reduzindo a produção de aço na Europa.

As demais commodities também tiveram preços médios mais baixos que no terceiro trimestre de 2021, exceto níquel e zinco.

No total, a produção mineral somou 365 milhões de toneladas no terceiro trimestre, alta de 3% na comparação com um ano antes.


Exportações minerais somam US$ 11,62 bi no terceiro trimestre

As exportações minerais brasileiras somaram US$ 11,62 bilhões no terceiro trimestre deste ano, o que indica uma retração de 36,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Em comparação ao trimestre anterior de 2022, houve aumento de 0,4%. 

As importações somaram US$ 4,77 bilhões no terceiro trimestre deste ano, com aumento de 86,7% sobre o resultado apurado em igual trimestre de 2021. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, a queda atingiu 23,2%.

Os números foram divulgados hoje (20) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O saldo mineral (a diferença entre exportações e importações de minérios), é de 51% do saldo Brasil no terceiro trimestre de 2022, o que representa US$ 13,4 bilhões. Em relação ao segundo trimestre, houve uma queda de 56,4% em dólar.

O diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do Ibram, Julio Nery, atribuiu essa forte queda nas importações ao aumento do preço internacional das commodities minerais, principalmente do potássio, em função da guerra na Ucrânia. O potássio representa grande potencial nas importações brasileiras. Contribuiu também para a redução das compras no exterior o aumento do câmbio.

As exportações minerais para a China, principal comprador do Brasil, tiveram queda de 43,6% em valor, em relação ao terceiro trimestre de 2021, e aumento de 2,9% em toneladas. Já na comparação com o segundo trimestre deste ano, houve expansão de 34,3% em toneladas e de 6,9% em valor.

MINÉRIO DE FERRO

O minério de ferro, principal produto do setor exportado pelo Brasil, teve redução no preço de 37,3% no terceiro trimestre de 2022, comparativamente a igual período do ano passado, e queda de 25,8% ante o segundo trimestre deste ano. Os dados do Ibram revelam que, à exceção de níquel e zinco, as demais commodities minerais também apresentam preços inferiores aos do terceiro trimestre de 2021.

No que tange às exportações de minério de ferro em especial, a queda em valor atingiu 44,7% no terceiro trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado. Houve retração também em valor de 3,2% em relação ao segundo trimestre de 2022. Em termos de toneladas, foi registrada aumento de 1,5% e de 23,3%, respectivamente. As exportações de minério de ferro corresponderam a 70,5% das exportações brasileiras em dólar.

Em tonelagem, a redução nas importações minerais feitas pelo Brasil atingiu 20,5% em relação ao terceiro trimestre do ano passado e 23,3% ante o segundo trimestre deste ano. Também ocorreu aumento significativo em valor nas importações de potássio em relação ao terceiro trimestre de 2021 da ordem de 132,96%, de acordo com o Ibram. O potássio respondeu pela maior parcela das importações minerais (62,1%), seguido pelo carvão (24,3%).

APLICATIVO

O diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, anunciou para o dia 17 de novembro o lançamento de um aplicativo, disponível para download na loja Google Play e App Store, que vai permitir às comunidades próximas às barragens do setor e também a “qualquer cidadão do Brasil e do exterior” tomar conhecimento da situação em que se encontram as barragens no país. Além disso, o aplicativo ficará à disposição do celular de qualquer pessoa e indicará onde buscar informações se algo acontecer, além de combater fake news (notícias falsas), e para saber rotas de fuga, por exemplo.

Foi aprovada ontem em reunião da direção do Ibram a constituição de um comitê de crise, que atuará não só em crises relacionadas aos associados, como também ao setor.


Faturamento da mineração pode ficar até 40% menor em 2022

O setor extrativo mineral deve encerrar 2022 com faturamento até 40% menor do que o apurado em 2021. Somente no terceiro trimestre deste ano, em Minas Gerais, um dos maiores produtores do País, o faturamento registrado teve uma queda expressiva de 38% frente a igual período do ano passado. O balanço, divulgado ontem, consta no estudo trimestral do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). 

Entre julho e setembro do ano passado, a receita do Estado foi da ordem de R$ 47,81 bilhões, enquanto neste exercício ficou em R$ 29,73 bilhões. Por outro lado, na comparação com o trimestre anterior, o setor em Minas teve uma melhora de 19%.

O diretor de Assuntos Minerários e Sustentabilidade do Ibram, Julio Nery, explica que algumas particularidades devem ser avaliadas. Segundo ele, o instituto não avalia o desempenho do Estado isoladamente, mas o setor produtivo como um todo. E diz que, mesmo que tenha havido queda de 38% no faturamento do terceiro trimestre de 2022 sobre o mesmo período de 2021, houve alta no comparativo entre os segundos trimestres de ambos os exercícios, com faturamento em torno de 33% maior. 

O desempenho total da indústria minerária brasileira no terceiro trimestre deste ano foi de R$ 57 bilhões, enquanto de julho a setembro de 2021 o saldo foi de R$ 108,7 bilhões. 

Segundo o estudo do Ibram, Minas, tecnicamente, tem a mesma representação significativa que o Pará, com 39% de participação no faturamento da mineração brasileira. Em seguida, com 4%, aparece o território de Goiás, depois os estados da Bahia, São Paulo e Mato Grosso, com fatias de 3% cada. Outros 9% são compostos por cidades com atividades minerárias nos demais estados do País. 

Julio Nery explica que a queda do faturamento está relativamente ligada à cotação do minério de ferro. “Nós estamos com uma cotação do minério de ferro na faixa dos 40% em relação ao ano de 2021. A substância metálica é um produto que representa 64% do setor produtivo de mineração e qualquer mudança que aconteça acaba mudando bem esse resultado”, explica.

Assim como o minério de ferro foi responsável por 64% do faturamento do setor entre julho e setembro, o minério de ouro consta com 8% de participação, enquanto o minério de cobre representa 5% do total. O calcário dolomítico aparece com 4%, a bauxita com 3%, o granito com 2% e outras substâncias representam os 14% restantes. 

Tributação 

O Ibram também divulgou que a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) teve queda expressiva na arrecadação em relação ao minério de ferro em todo o País. No comparativo de julho a setembro deste ano com o mesmo período de 2021, o produto apurou retração de 43,8%. Neste intervalo do ano passado, a arrecadação do tributo foi de R$ 2,9 milhões, enquanto no mesmo período deste ano o recolhimento foi de R$ 1,6 milhão. 

Assim como o minério de ferro, os minérios de ouro, cobre e outros também registraram baixas. Já a bauxita, apresentou aumento na arrecadação de 44% do terceiro trimestre de 2022 com o mesmo cenário em 2021. Em relação ao segundo trimestre de 2022, o estudo aponta aumentos para ouro, ferro, cobre e bauxita. O saldo total de arrecadações no País foi de R$ 3,2 milhões no terceiro trimestre de 2021, enquanto, no mesmo período deste ano, a soma foi de R$ 1,9 milhão.

No ranking de 12 estados brasileiros com 2.610 cidades que foram beneficiadas com a Cfem no terceiro trimestre de 2022, Minas Gerais aparece no topo da lista, com 502 municípios. A contraprestação paga ao Estado equivale a 59% do recolhimento da exploração mineral de todo o País. Em balanço de arrecadação, a soma total em Cfem foi de R$ 1,96 bilhão de julho a setembro, o que equivale a uma queda de 40,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram recolhidos R$ 3,30 bilhões em compensações. 
 

Minério de ferro amplia as perdas no mercado à vista rumo a US$ 90 por tonelada
O minério com teor de 62% recuou 2,5% no norte da China, para US$ 91,40 por tonelada, o menor nível desde 19 de novembro de 2021

Os preços do minério de ferro ampliaram as perdas no mercado à vista, diante da piora das perspectivas para a demanda de aço no mundo e da maior oferta da matéria-prima.

Depois de Vale e Rio Tinto terem elevado a produção na comparação com o segundo trimestre, a BHP informou, nesta quarta-feira (19), que também ampliou os volumes produzidos entre julho e setembro.

Segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% recuou 2,5% no norte da China, para US$ 91,40 por tonelada, o menor nível desde 19 de novembro de 2021.

Com esse desempenho, a principal matéria-prima do aço passou a exibir desvalorização de 4,7% no acumulado de outubro. No ano, as perdas foram elevadas a 23,2%.

Na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), os contratos mais negociados, para janeiro, recuaram 3,1%, a 667 yuan por tonelada.

 

*Com agências de notícias (Reuters, Agência Brasil, Diário do Comércio e Valor)
Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 21/10/2022