Mineração traça sua rota de neutralidade carbônica
Mineração traça sua rota de neutralidade carbônica
A indústria mineral foi à COP 28 como protagonista. Primeiro, porque é responsável por cerca de 19% das emissões mundiais combinadas de gases de efeito estufa (GEE) de Escopo 1 e Escopo 2 em 2020, de acordo com dados da S&P Global. Em segundo lugar, com faturamento global perto de US$ 1 trilhão, o setor tem um importante papel na descarbonização.
As maiores empresas de mineração já definiram a rota de neutralidade carbônica, com destaque para as metas das 30 gigantes do setor. E mais: não existirá transição energética sem a participação ativa da mineração, uma vez que suas empresas fornecem desde o lítio para as baterias elétricas até as terras raras para produção de equipamentos eólicos.
Esse é outro desafio, pois a porcentagem de GEE citada acima poderá aumentar, à medida que a procura de minerais essenciais para a transição energética, como o lítio e o cobre, pode crescer com a adoção de tecnologias limpas em todo o mundo. Por isso, empresas de mineração estão buscando alternativas para fontes energéticas de seus processos produtivos, como hidrogênio verde, gás natural ou autoprodução de energia renovável.
A análise do relatório da S&P Global, intitulado Caminhos para a Neutralidade Carbônica, mostra o arrojo das companhias do setor. A BHP Group, com capitalização de mercado de US$ 127,3 bilhões, afirma que quer reduzir sua emissão de gases de efeito estufa (GEE) em 30% até 2030.
Vale está entre as mais ativas
A Vale, quarta maior do setor, também coloca como objetivo ser neutra em 2050 e reduzir em 15% as emissões de GEE da sua cadeia de valor até 2035.
No conjunto, 20 das 30 maiores empresas do setor de mineração do mundo estabeleceram metas de zero emissões líquidas ou de neutralidade de carbono, sendo 2050 o ano-alvo mais comum para cortes de emissões. Esse movimento é resultado da pressão de financiadores, acionistas, governos e dos próprios clientes.
Para a S&P Global, alguns dos maiores cortes diretos de emissões virão da mudança para energias renováveis, ??que vão alimentar as operações das minas. A afirmação está baseada nos relatórios divulgados pelas 10 principais mineradoras.
A produtora de minério de ferro Fortescue Metals Group, por exemplo, direcionou investimentos em energia renovável, armazenamento de baterias e eletrificação de equipamentos, ou uso de energia oriunda do hidrogênio, para reduzir 71% de suas emissões de Escopo 1 até 2030.
Na avaliação da S&P Global, o uso de energias renováveis depende do acesso à rede elétrica ou da disponibilidade de recursos financeiros para instalar fontes solares ou eólicas perto de uma mina. A escala destes investimentos estaria, inclusive, levando as mineradoras a procurar parceiros confiáveis, ??que ajudem a desenvolver centrais de energias renováveis ??para abastecer as operações.
Mineração brasileira tem metas claras para a COP 28
Refletindo uma atitude global, a mineração brasileira tem iniciativas claras na COP 28, com destaque para o recém-lançado ‘Projeto de Descarbonização do Setor Mineral’, uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), em parceria com o governo do Reino Unido e com o Mining Hub, espaço de inovação do setor mineral.
O projeto tem a adesão inicial de 11 mineradoras e complementa outra ação estratégica do IBRAM, que é o 3º Inventário de Gases de Efeito Estufa. De acordo com a revista Brasil Mineral, as duas medidas servirão de base para o Instituto estruturar, a partir de 2024, um roadmap do carbono na mineração, estipulando metas setoriais de redução de emissões.
Segundo a publicação, a direção do IBRAM acredita que o roadmap irá influenciar na tramitação dos processos de licenciamento ambiental, favoravelmente às mineradoras que se engajarem na agenda setorial do clima, conduzida pelo Instituto.
Para o diretor-presidente do Instituto, Raul Jungmann, o projeto atende a um compromisso do setor mineral, que é “incontornável e inadiável”, ou seja, é necessário diagnosticar emissões e agir para descarbonizar operações.
Outro dado informado pelo IBRAM é que, durante 2022, foram mapeadas iniciativas de inovação para descarbonização fora e dentro do Brasil, onde foi identificada a oportunidade de colaboração com o governo do Reino Unido, por meio da Energy Systems Catapult, agência sem fins lucrativos.
A participação do Instituto na COP 27, realizada no ano passado, incluiu o lançamento do ‘Guia de Resiliência Climática’, com objetivo de orientar as mineradoras nas análises e providências relacionadas aos riscos climáticos, que comprometem o desempenho das operações do segmento.
Fonte: Além da Energia
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/12/2023