Mercado vê inflação abaixo de 5,3%

Mercado vê inflação abaixo de 5,3%

Por GILBERTO MENEZES CÔRTES

A inflação do IPCA de agosto será divulgada amanhã pelo IBGE. A expectativa do mercado (e do Itaú) é de que a inflação acelere para 0,29% (de 0,12% em julho), com pressões de alta vindas de veículos (com o fim do programa de descontos do governo) e da gasolina (devido aos recentes aumentos nos preços das refinarias). Assim a taxa acumulada em 12 meses deve subir para 4,7%, de 3,99% em julho, devido à base de comparação após os cortes de impostos federias e estaduais em 2022 (em agosto houve deflação de 0,36%).

As projeções do mercado na Pesquisa Focus para os meses de setembro (0,41%) e outubro (0,39%), que vão substituir taxas de -0,29% e 0,59%, respectivamente, nos mesmos meses do ano passado, indicam que o pico da inflação acumulada em 12 meses – que fechou 2022 em 5,79% e desceu para 5,77% em janeiro e 5,60% em fevereiro - não chegará a 5,3% em outubro e tende a declinar nos últimos dois meses do ano – as projeções da Focus para o IPCA de dezembro subiram ligeiramente para 4,93 (de 4,92% na semana anterior).

A leitura indica que, mesmo provavelmente estourando o teto das metas de inflação pelo 3º ano seguido (a meta é de 3,35% + tolerância de 1,50% = 4,75%), o Banco Central está dando demonstrações de errar feio na avaliação da inflação, motivo pelo qual manteve a Selic por tempo além do necessário, em 13,75% ao ano – a baixa só veio em 2 de agosto, para 13,25% e deve se repetir na mesma intensidade de queda em 20 de setembro, para 12,75% a.a.

As indicações da Pesquisa Focus para 2024, quando a Selic, depois de fechar em 11,75%, deve encerrar em dezembro em 9%, com o IPCA em 3,89% (3,82% nas projeções dos últimos cinco dias úteis), dentro portanto da meta de inflação, que é de 3% + tolerância de 1,50%=4,50%, confirmam o erro de diagnóstico e operação do Banco Central.

A baixa da inflação, em 2022, quando desceu de 12,3% em abril para 5,79% em dezembro, ocorreu devido aos cortes de impostos de julho a setembro feitos por Paulo Guedes para tentar reeleger Bolsonaro; este ano, acreditando que haveria reposição imediata dos impostos, o Banco Central manteve a guarda elevada e calculou mal o impacto baixista dos preços da alimentação devido à supersafra de grãos e manteve desnecessariamente altos os juros.

Que cairão, junto com a inflação, em 2024, não por méritos do BC, mas por força da gravidade e dos acertos da política econômica do governo.

Juros altos só frearam a economia

Ao analisar as perspectivas dos demais indicadores que o IBGE anuncia esta semana – na 5ª feira serão conhecidos os dados de julho para a Pesquisa Mensal de Serviços e na 6ª feira a Pesquisa Mensal de Comércio - o Departamento de Estudos Macroeconômicos do Itaú, “apesar da recente melhoria das medidas subjacentes”, não prevê uma desaceleração adicional significativa na margem (com os serviços e a indústria tendo variação trimestral de 5% e 4%, respetivamente)”.

Para a PMS, o Itaú estima estabilidade na margem (0,0% no mês e +2,7% sobre julho de 2022), com a maioria das categorias recuando e o componente de serviços oferecidos às famílias diminuindo 0,7% no mês. O Itaú observa que este item é “particularmente importante para o acompanhamento do PIB”.

Quanto às vendas no varejo, ele espera que o índice amplo, que inclui veículos, motos, autopeças e material de construção, além das vendas do atacarejo, recue 0,8% no mês, com ajuste sazonal (+5,6% a.a.), com a maior contribuição negativa advinda do componente veículo, enquanto o índice central expande 0,5% no mês (+2,1% a/a), com sinais mistos em seus subitens. Está claro no comportamento do varejo que os juros altos estão freando as vendas de bens de maior valor, enquanto a baixa dos alimentos estimularou as compras de alimentos e bebidas no comércio varejista.

O Itaú observa ser “importante olhar mais de perto as estimativas ano a ano, uma vez que o ajuste sazonal do índice vem apresentando alta instabilidade (especialmente para o conceito amplo). Em função destes ajustes, adverte que seus números para PMS quanto para PMC podem mudar dependendo de alguns dados coincidentes ainda a serem divulgados.

Fonte: Jornal do Brasil
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 12/09/2023