Mercado brasileiro de máquinas e equipamentos continua crescendo; bens importados ocupam fatia de 46,5%

Mercado brasileiro de máquinas e equipamentos continua crescendo; bens importados ocupam fatia de 46,5%

 

O mercado brasileiro de máquinas e equipamentos apresenta novo crescimento no mês de maio de 2025, reflexo do bom desempenho do mercado doméstico. O faturamento total em maio foi de R$ 27.435,77 milhões, com crescimento de 12,2% em relação ao mês anterior e 26,3% na comparação com maio de 2024. No acumulado do ano, o faturamento somou R$ 119.658,68 milhões, aumento de 15,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados divulgados pela Abimaq, no dia 2 de julho em coletiva de imprensa virtual.

Se o mercado interno mostra-se ativo, o mesmo não se pode dizer do mercado externo. As exportações somaram US$ 989,29 milhões no mês de maio, valor abaixo dos US$ 1,088 bilhão, que é a media mensal dos anos 2022 e 2023. Esse volume é 4,1% menor que o do mês anterior e 5,9% abaixo do observado em maio de 2025. No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, as exportações atingiram US$ 4.730,25 milhões, 7,7% menos que no mesmo período do ano anterior.

O desempenho veio “acima das expectativas, puxado pelo mercado doméstico”, diz diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, Cristina Zanella.

De acordo com a Abimaq, parte importante da queda nas exportações de 2025 pode ser atribuída ao preço que recuou 3,5% no mercado internacional. A queda das exportações de máquinas e equipamentos medidas em quantidades foi de 3,8%. Porém, parte relevante do recuo nas vendas externas se deve ao arrefecimento do mercado da América do Norte, que passou dos US$ 1.935 milhão no período de janeiro a maio de 2024 para US$ 1.568 milhão no mesmo período desse ano – um recuo de 18,9%. Para os EUA, que representam 25,8% do total das exportações setoriais, houve queda de 18,3% nas vendas de máquinas brasileiras em 2025.

As exportações para a Europa e América do Sul cresceram10,3% e 8,4%, respectivamente. Entre os países da América do Sul se destacou a Argentina que registrou expansão de 54,3%, na sua maioria máquinas para agricultura e para construção civil. Outro destaque no período foi o crescimento das exportações para a China (90,8%) e Emirados Árabes (121,2%).

IMPORTAÇÕES – No mês de maio, as importações de máquinas e equipamentos foram de US$ 2.675,57 milhões, com crescimento de 2,9% em relação ao mês anterior e de 5,2% na comparação com maio de 2025. No acumulado dos primeiros cinco primeiros meses do ano, as importações totalizaram US$ 13.090,76 milhões, com crescimento de 10,3%.

Para Cristina Zanella, o crescimento nas importações preocupa porque ultrapassa o que considera um ‘nível saudável’, que estaria entre 35% e 40% do consumo aparente nacional. No mês de maio, o consumo aparente foi de R$ 37.591,48 milhões, 9,8 % acima do mês anterior e 24% a mais que no mesmo mês de 2024. No acumulado até maio, o consumo aparente totalizou R$ 172.166,51 milhões, 22% acima do obtido no mesmo período de 2024. Atualmente, as importações ocupam 46,5% do mercado nacional ante 45,9% no mesmo período de 2024.

“Dentre os setores fabricantes de máquinas e equipamentos os mais prejudicados pela crescente penetração de bens importados são os fabricantes de máquinas para infraestrutura e indústria de base, máquinas para a indústria de transformação e de componentes, todos com taxa de penetração superior a 50% no período”, diz o relatório da Abimaq.

O relatório da Abimaq dá a dimensão do aumento das importações: “No ano, as importações somaram US$ 13,1 bilhões, valor 10,3% superior ao registrado no mesmo período de 2024 e o maior da história para o período. A queda nos preços médios das máquinas importadas ao longo do ano (6%) anulou parte da desvalorização do real (15,4%) e viabilizou a maior entrada de máquinas, em quantum, no país (+17,3%). Atualmente as importações são quase 3x o volume de exportação de máquinas, fator que impacta em acréscimo mensal de cerca de US$ 2 bilhões ao déficit da balança comercial brasileira.”

A Abimaq ainda diz: “As importações crescentes de máquinas e equipamentos, em praticamente todas as atividades da economia brasileira, representam um fator preocupante para o setor e para a nação, reflete a perda de competitividade atribuída, em grande escala, a fatores sistêmicos, mas, principalmente à concorrência internacional assimétrica, baseada em subsídio de toda ordem.”

O que a Abimaq chama de “concorrência internacional assimétrica” vem principalmente da China. Em maio, as importações tiveram como principal origem a China (30% do total), mas a maior taxa de crescimento foi em máquinas vindas da Alemanha (+37%) em relação a abril de 2025). De janeiro a maio, a China seguiu como a principal origem das importações, tanto em participação (32,4% do total) como em taxa de crescimento (+26,6% em relação a 2024), aplicando a sua distância dos tradicionais fabricantes de máquinas e equipamentos. Os dados históricos do setor mostram clara ampliação da presença de máquinas importadas no mercado brasileiro, e de forma mais intensa vindas do mercado chinês. Em 10 anos, a China quase dobrou a sua participação no total de máquinas importadas pelo Brasil (de 16,6% em 2015 para 32,4% em 2025).

OUTROS INDICADORES – O nível de utilização da capacidade instalada do setor registrou expansão de 1,8% em relação ao mês de abril ao atingir 78,9%, valor 5% superior ao do mesmo mês de 2024. Em média o setor atuou em 2025 com 77,3% da sua capacidade, 4 p.p. acima do nível de 2024 (73,3%).

A carteira de pedidos, após ter expandido em 3,9% em abril de 2025, recuou 1,4% no mês de maio. Esta queda foi explicada pela piora nos setores de fabricantes de máquinas para construção civil e agrícolas. Este último, apesar da queda na ponta, manteve carteira quase 20% superior à de 2025.

Em maio de 2025, o setor de máquinas e equipamentos registrou expansão no número de pessoas empregadas. No mês, o setor empregou 419 mil colaboradores – um avanço de 0,8% em relação ao mês de abril de 2925. Na comparação com maio de 2024, houve aumento de pouco mais de 32 mil postos de trabalho no setor, marcando o décimo aumento consecutivo nesse tipo de comparação.

 
Fonte: IPESI
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 07/07/2025