Levantamento aponta que 2021 foi marcado pelo aumento no custo da construção

Levantamento aponta que 2021 foi marcado pelo aumento no custo da construção

Desde o início do segundo semestre de 2020, o custo dos materiais de construção vem registrando forte crescimento — um índice que tem preocupado o setor e que se repetiu no ano de 2021, conforme pesquisa feita pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A entidade realizou um estudo batizado de “Construção Civil: desempenho 2021 e cenário para 2022”, que, como o próprio nome diz, esmiuçou as nuances do setor durante o ano de 2021. Um exemplo dos dados coletados é o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), que cresceu 13,46% durante o intervalo de janeiro a novembro deste ano — o maior registro desde 2003. 

A análise foi feita em colaboração com a Ecconit Consultoria, que também determinou que o crescimento do INCC Materiais e Equipamentos foi de 42,25% entre julho de 2020 e novembro de 2021. “O grande vilão que tivemos foi o aumento de custos. Esse crescimento fora do propósito de insumos gera um descasamento da renda da população com o preço dos imóveis, o que é preocupante”, destacou o presidente da CBIC, José Carlos Martins.

Os insumos que apresentaram as maiores elevações de preço foram: vergalhões e arames de aço ao carbono (+92,44%), condutores elétricos (+72,10%), tubos e conexões de PVC (+69,09%), eletroduto de PVC (+53,94%), esquadrias de alumínio (+44,40%), compensados (+43,32%), produtos de fibrocimento (+39,53%) e tijolos e telhas cerâmicas (+38,75%).

A elevação não significa, contudo, um cenário negativo para a construção: a previsão é de crescimento de 7,6% durante todo o ano de 2021 — o melhor desempenho dos últimos dez anos. Ainda assim, Martins reiterou que a circunstância permanece preocupante, já que o setor persiste 27,44% inferior ao seu pico de atividades, conquistado no início de 2014. “Podemos dizer que 2021 foi o ano do mercado imobiliário como reflexo do que aconteceu em 2020. A venda de hoje é o emprego de amanhã. O crescimento foi sustentado pelo que já estava contratado e não será possível manter o atual nível de desempenho do setor se não forem tomadas medidas urgentes para repor a capacidade de compra das famílias de baixa renda”, afirmou.

Corroborando a positividade da conjuntura, um dos destaques do ano de 2021 foi a geração de empregos. Foram criados cerca de 285 mil novos empregos formais no setor, somente nos primeiros dez meses do ano. Os dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho exibiram saldos positivos e quase 2,4 milhões de trabalhadores com carteira assinada — uma elevação que não acontece desde 2016. “Tivemos um excelente desempenho com a construção civil, que registra — há dez meses consecutivos — admissões superiores a demissões, nosso melhor resultado da última década. Além disso, a média do salário no setor [R$ 1.858,43] fica maior que a média nacional, perdendo somente para o setor de serviços [R$ 1.924,00]. Em 2022, essa questão salarial será a fonte de maior pressão no custo da construção”, explicou a economista Ieda Vasconcelos, da CBIC.

O mesmo desempenho foi dado pelo mercado imobiliário em 2021, que registrou grande estímulo nos lançamentos e vendas. A quantidade de unidades lançadas, por exemplo, está 24,59% maior que a do ano de 2019, bem como a venda de imóveis novos, que cresceu 42,29% em relação ao mesmo período. Apenas a oferta não apresentou progresso, com declínio de 3,39%. A preocupação, nesse quesito, está no preço dos imóveis, que deve sofrer reajuste nos próximos meses. Para o presidente da CBIC, o preço não acompanhou o aumento do INCC, portanto, a elevação do custo da construção acabou não sendo repassada ao consumidor.

Fonte: AECWeb
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 16/12/2021