IGP-DI é menor em mais de 5 anos e renova apostas para IGPs anuais na faixa de 6% em 2022

IGP-DI é menor em mais de 5 anos e renova apostas para IGPs anuais na faixa de 6% em 2022

Beneficiado por quedas espalhadas de preços no atacado, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de setembroregistrou a menor taxa em mais de cinco anos, e abre espaço para taxas anuais de Índices Gerais de Preços (IGPs) abaixo de 7%. A avaliação partiu do economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), responsável pelo indicador.

Ele detalhou que, em setembro, o índice registrou a menor taxa desde abril de 2017 (-1,24%), o que levou a taxa em 12 meses a 7,94% até setembro — sendo que, até agosto, esse resultado acumulado subia a 8,67%.

O economista explicou que há, no momento, fortes desacelerações e quedas de preços em commodities e em produtos relacionados, o que derruba principalmente a inflação atacadista, que representa 60% do IGP-DI, lembrou.

Como há sinais de que esse fenômeno pode prosseguir até fim do ano, o técnico não descartou taxas anuais dos IGPs na faixa de 6% em 2022.

“Pode ficar abaixo de 7%, a depender dos preços das commodities. Se continuarem a desacelerar, isso é possível”, afirmou ele.

Ao comentar o impacto das commodities, em setembro, principalmente no atacado, o técnico informou que das cinco quedas mais expressivas no setor atacadista, quatro eram originadas de commodities, ou de produtos relacionados.

É o caso dos recuos observados em minério de ferro (-3,27%); óleo diesel (-4,06%); gasolina automotiva (-9,06%) e bovinos (-4,09%).

Ele lembrou que o menor ritmo de desaceleração de grandes economias, como China e Europa, tem levado a recuos e em desacelerações de preços em commodities, devido ao consequente enfraquecimento de demanda global.

Ao mesmo tempo, a recente desaceleração no preço do petróleo, no mês passado, influenciou a Petrobras a reduzir preços de combustível no mercado doméstico brasileiro.

Todos esses fatores reunidos levaram ao fortalecimento da deflação do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que passou de -0,63% para 1,68% entre agosto e setembro, indicador que representa os preços atacadistas, afirmou ele.

Outro aspecto mencionado por ele é que alguns recuos de matéria-prima, no atacado, também acabaram sendo repassados para respectivos derivados no varejo, setor que representa 30% do IGP-DI.

Houve quedas de preço em gasolina (-8,68%); e etanol (-12,60%) em setembro junto ao consumidor. No entanto, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) passou de baixa de 0,57% para alta de 0,02% de agosto a setembro, pressionado principalmente por reajuste em passagem aérea (23,75%). “Mas foi uma taxa muito próxima de zero [a do IPC]”, comentou ele.

Ao ser questionado se tanto o IPA quanto o IPC poderiam continuar a cair ou subir menos, o técnico observou que o efeito de commodities com preço mais em baixa sinaliza continuidade. Isso porque não há indícios de interrupção de menor ritmo de crescimento da economia mundial, notou ele.

Caso a atividade global continue a desacelerar, com influência para reduzir preços de commodities, isso na prática deve ajudar a diminuir IPA e frear avanço do IPC — com prováveis repasses de quedas do atacado ao varejo, nos próximos meses.

“Não estou dizendo que, com isso, os IGPs continuarão em deflação. O mais provável é que tenhamos taxas mais baixas, inferiores a iguais períodos no ano passado [na taxa mensal] – mas não necessariamente negativas”, disse. Assim, isso acabará por ajudar a reduzir taxa anual fechada do indicador, referente a 2022, notou.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 07/10/2022