Futuro em pauta na COP 28: “A sociedade não vai se desenvolver sem o aço”, diz Mauricio Metz, diretor industrial da Gerdau

Futuro em pauta na COP 28: “A sociedade não vai se desenvolver sem o aço”, diz Mauricio Metz, diretor industrial da Gerdau

Mal pousou em Dubai, sede da COP28, Mauricio Metz, diretor industrial da Gerdau, tinha a agenda tomada de reuniões, participação em painéis importantes para o setor e uma viagem ao Emirado vizinho, Abu Dhabi, para um evento sobre novas tecnologias envolvendo o celebrado hidrogênio. A transição energética – tema que mobiliza a maior e mais importante reunião de clima da ONU – tem sido chave nos planos de negócio da companhia líder em produção de aço no Brasil, que busca estar na vanguarda quando o assunto é produção com baixa emissão de carbono do aço, metal essencial para a indústria e onipresente na vida moderna.

Atualmente, a companhia possui uma das menores médias de emissão de gases de efeito estufa, da ordem de 0,86 toneladas de CO2e por tonelada de aço, segundo dados de 2022 da World Steel Association. Isso representa aproximadamente a metade da média global do setor, de 1,91 toneladas de CO2e por tonelada de aço. A busca por eficiência e fontes alternativas de energia garantem, por tabela, a redução da pegada de carbono da empresa: em 2031, as emissões da Gerdau devem diminuir para 0,83 t de Co2e por tonelada de aço. Para 2050, a aspiração é de ser carbono neutra.

Uma projeção positiva que deve se consolidar ao mesmo tempo que a empresa crescerá seu negócio, na esteira da expansão do consumo nacional de aço – que deverá dobrar em 10 anos –, e da própria transição energética mundial, que exigirá mais metal para produzir novas linhas de transmissão, torres eólicas, painéis solares e outras tecnologias para as mais diversas atividades da economia verde.

“O consumo per capita de aço no Brasil hoje é de 120 kg/ano. Em países mais desenvolvidos, chega a 1 tonelada por pessoa ao ano. A sociedade não vai se desenvolver sem o aço”, afirmou o executivo durante um painel sobre descarbonização promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) no sempre movimentado stand da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), na Blue Zone da COP28. Com mais de duas décadas de atuação na Gerdau, Maurício tem, nos últimos dois anos, focado na construção de um “roadmap” para o futuro combinando tecnologia e sustentabilidade que entregue crescimento com menor impacto.

Além da rota primária de produção desse recurso, a partir do minério de ferro, o aço também é produzido via produção secundária, que utiliza basicamente sucata. Maior recicladora da América Latina, a Gerdau tem na sucata uma importante matéria-prima: 71% do aço que produz é feito a partir desse material. Anualmente, 11 milhões de toneladas de sucata são transformadas em produtos da empresa. “Utilizar mais sucata é uma alavanca para recircular a economia e reduz a pegada de carbono da produção de aço. Mas outra alavanca importante e onde também estamos bem posicionados é no acesso à energia limpa”, diz.

Sucata pós-petróleo

Com a transição energética necessária para o mundo combater a emergência climática, gigantescas estruturas que servem à atual indústria de petróleo precisarão ser descomissionadas e recicladas levando em conta a cartilha da boa gestão ambiental. Após vencer, em julho, a licitação para desmantelamento e reciclagem verde da plataforma de petróleo P-32, da Petrobras, que operava no campo de Marlim, na Bacia de Campos (RJ), a siderúrgica também venceu no final de novembro o leilão para o desmantelamento sustentável da plataforma P-33.

Com a sucata metálica, a Gerdau produzirá aço enquanto outros materiais não metálicos serão descartados corretamente. “Isso é reduzir emissões na veia”, afirma Metz, ressaltando que a empresa tem trabalhado com instituições representativas, como os governos, para facilitar ao máximo e desburocratizar esse processo e sua logística, que gera emprego, movimenta a economia e ajuda a reduzir o risco de passivo ambiental associado ao setor petroleiro.

Fonte: Época
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 12/12/2023