Fabricantes de produtos de aço para construção ampliam faturamento, mas ociosidade segue elevada

Fabricantes de produtos de aço para construção ampliam faturamento, mas ociosidade segue elevada

Os fabricantes de produtos para construção feitos de aço conseguiram elevar seu faturamento no país no ano passado, mas a demanda pela produção ainda não chega à metade da capacidade produtiva existente.

O Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA), entidade que tem como gestor o Instituto Aço Brasil, que representa a indústria siderúrgica, divulgou três pesquisas sobre segmentos que atuam com tipos diferentes de estruturas do material. Apesar de terem sido divulgados agora, os estudos se referem ao resultado obtido em 2023, na comparação com o ano anterior.

O segmento de fabricantes de estruturas de aço, que contêm estruturas metálicas, torres de energia para transmissão e para energia eólica, estruturas para parques de energia solar e de defensas metálicas, teve aumento de 6,2% no faturamento, para R$ 17,2 bilhões.

A produção cresceu 2,4% em um ano, para 1 milhão de toneladas. A capacidade produtiva, no entanto, é de 2,3 milhões de toneladas, o que significa que a taxa de utilização ficou em 46%, estável sobre 2022.

Os fabricantes de telhas de aço e “steel deck” (lajes de aço e concreto) também tiveram alta no faturamento, de 2,5%, para R$ 8,2 bilhões. Foram produzidas 502,9 mil toneladas dos materiais, a maior parte em telhas, leve alta de 1,1%. Já a capacidade produtiva é de 1,2 milhão de toneladas, mais do que o dobro.

Os fabricantes de perfis galvanizados, o que inclui o sistema construtivo “light steel frame e drywall” (chapas feitas de aço e gesso), apresentaram a maior alta no faturamento, por partirem de uma base menor. O crescimento foi de 18,7%, para R$ 1,6 bilhão. Foram fabricadas 107,6 mil toneladas de perfis, alta de 12%. O volume fabricado equivale a 39% da capacidade produtiva.

Importação preocupa, mas há otimismo

Perguntados sobre os maiores desafios e dificuldades externas aos negócios, tanto os fabricantes de telhas de aço e steel deck quanto os de perfis galvanizados tiveram o tema “concorrência com o material importado e/ou não qualificado” como o mais citado, com 50% e 39% de prevalência, respectivamente. Em ambos, no entanto, a porcentagem caiu de 2022 para 2023.

A entrada de produtos importados no país, principalmente chineses, foi critica pelo presidente do Aço Brasil, Marco Pollo Mello, durante reunião do grupo Coalizão Indústria, no último mês. “A indústria está sob ataque”, disse, destacando que há uma política de Estado da China para escoar sua capacidade ociosa de produção ao Brasil, o que inclui fazer exportações com margens negativas.

A tributação aparece como outro problema muito citado, vindo logo atrás, com 48% de participação para os fabricantes de telhas e steel deck. Foi ainda o item mais citado pelos fabricantes de estruturas de aço, com 54% de prevalência.

Em 2022, esse setor tinha elegido o custo de matéria-prima como o maior entrave, apontado por 68,3% da amostra, mas o preço do aço arrefeceu no período.

Nos três segmentos, mesmo com as dificuldades, a visão para 2024 é positiva. Entre os fabricantes de estruturas de aço, 78% preveem crescimento, algo também esperado por 76% dos produtores de telhas de aço e steel deck e 82% dos fabricantes de perfis galvanizados.

Fonte: Valor
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 10/10/2024