Entenda como o fenômeno La Niña pode impactar a construção e mineração brasileira

Entenda como o fenômeno La Niña pode impactar a construção e mineração brasileira

Já nos acostumamos a ouvir sobre o El Niño, fenômeno de aquecimento das águas do Oceano Pacífico que afeta o clima global. Mas há também o La Niña, de resfriamento das águas, que ocorre mais espaçadamente, em intervalos de dois a sete anos, alterando padrões de ventos, regime de chuvas e médias de temperaturas. Tudo isso impacta fortemente diversos setores da economia, incluindo a construção e mineração. Saiba mais no artigo a seguir, do Engenharia 360!

O que é La Niña?

O La Niña deixa as temperaturas da superfície do Oceano Pacífico mais frias do que a média. Vamos falar do Brasil? Por aqui, o fenômeno costuma provocar um aumento das chuvas na região Norte e Nordeste e um período mais seco no Sul durante o verão. Especialmente agora, entre 2024 e 2025, nosso país está sob o efeito do La Niña Modoki, uma variação do fenômeno que já trouxe chuvas intensas na primavera e vem apresentando uma redução na precipitação durante o verão.

 

Os impactos do La Niña na construção

A construção civil é uma área da engenharia bastante sensível às mudanças climáticas - não à toa é um dos setores da economia que mais vem sentindo os impactos do aquecimento global. Durante períodos de intensa precipitação, as obras ao ar livre geralmente precisam ser paralisadas, já que as chuvas prolongadas impedem a execução de serviços essenciais, como terraplenagem, concretagem e alvenaria.

Insumos como cimento, areia e gesso podem se perder se ficarem expostos à umidade excessiva, resultando em prejuízos financeiros. Terrenos inclinados, ainda sem o devido tratamento, podem desmoronar, impactando as estruturas de fundações. E as condições gerais de trabalho ficam arriscadas devido à incidência de raios durante as tempestades, exigindo medidas mais rigorosas de segurança.

Os impactos do La Niña na mineração

A mineração é outro setor da economia muito afetado com as mudanças climáticas, pois depende demais das condições ambientais. O excesso de chuvas compromete a segurança nas minas a céu aberto, alaga galerias subterrâneas - que podem desabar - e dificulta a extração de minérios. Aliás, a própria qualidade de minérios extraídos (como ferro e bauxita) é afetada, tendo a sua pureza reduzida - sem contar o valor de mercado. Ademais, rodovias e ferrovias utilizadas para o escoamento da produção podem acabar danificadas.

A saber, no Brasil, os estados do Pará e Minas Gerais são os que concentram a maior parte dos trabalhos de mineração e são justamente os que mais sentem os efeitos das chuvas intensas do La Niña.

As soluções para mitigar os efeitos do La Niña

Apesar dos desafios impostos pelo La Niña, algumas medidas podem minimizar seus impactos na mineração e construção civil:

Monitoramento meteorológico: Utilizar sistemas avançados de previsão do tempo, como o SMAC (Sistema de Monitoramento e Alerta Climatempo), pode ajudar empresas a se prepararem para condições climáticas extremas.
Drenagem eficiente: Investir em sistemas de drenagem adequados evita o acúmulo de água e reduz o risco de alagamentos e erosão.
Planejamento flexível: Adaptar os cronogramas de obras para priorizar atividades que possam ser realizadas em períodos de estiagem pode reduzir atrasos.
Treinamento de segurança: Garantir que os trabalhadores saibam como agir em situações de risco, como tempestades com raios e deslizamentos, é essencial para evitar acidentes.

Monitoramento meteorológico

Para que a indústria consiga se preparar para futuras mudanças no clima, o jeito é acompanhar em tempo real os alertas do Sistema de Monitoramento e Alerta Climatempo (SMAC). Isso pelo menos ajuda a minimizar os riscos para colaboradores e otimiza o planejamento de operações.

Como dissemos anteriormente, os efeitos esperados para o La Niña é chuva forte no Norte e Nordeste, beneficiando certas culturas agrícolas, mas danificando algumas infraestruturas. Já no Centro-Sul, eventos extremos ocorrem com mais frequência, como granizo; e no Sul há menos chuva - ainda que haja eventos pontuais de chuva forte por conta da complexidade das interações atmosféricas. O período mais crítico para as tempestades é entre outubro e março, com a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).

Fonte: Engenharia 360
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 14/02/2025