Demanda mundial por aço deve recuar 2,8% neste ano e avançar 1% em 2023, diz Worldsteel

Demanda mundial por aço deve recuar 2,8% neste ano e avançar 1% em 2023, diz Worldsteel

A demanda global por aço vai recuar 2,3% neste ano. A previsão é da World Steel Association (Worldsteel), entidade da indústria siderúrgica, divulgada nesta manhã, em Bruxelas, capital da Bélgica e onde está sediada a representante do setor.

No ano passado, houve crescimento de 2,8% sobre o volume de 2020. Para este ano, estima-se 1,797 bilhão de toneladas de consumo de produtos siderúrgicos acabados.

As informações fazem parte do relatório de perspectivas, Short Range Outlook (SRO), que é elaborado pela entidade nos meses de abril e outubro. O de hoje faz uma atualização dos números divulgados no início do ano pela Worldsteel. A entidade reúne os maiores fabricantes de aço do mundo (85% da produção).

O SRO também aponta previsão para o próximo ano. A previsão para 2023 é reversão do quadro deste ano, com uma recuperação de 1%, devendo atingir 1,815 bilhão de toneladas de aço consumido globalmente.

A previsão para 2022, destaca o SRO, com revisão para baixo em relação à anterior, reflete a repercussão da inflação persistentemente em alta e do aumento das taxas de juros globalmente.

“A inflação elevada, o aperto monetário e a desaceleração da China contribuíram para um 2022 difícil, mas a demanda por infraestrutura deve aumentar ligeiramente a demanda por aço em 2023”, informa o relatório.

Comentando as perspectivas, Máximo Vedoya, presidente da Ternium (siderúrgica do grupo ítalo-argentino Techint) e presidente do Comitê de Economia da Worldsteel, disse que “a economia global é afetada pela inflação persistente, aperto monetário dos EUA, desaceleração econômica da China e as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia”.

O executivo destacou ainda os altos preços da energia, o aumento das taxas de juros e a queda da confiança que levaram a uma desaceleração nas atividades dos setores que utilizam o aço. “Como resultado, nossa previsão atual para o crescimento da demanda global por aço foi revisada para baixo em comparação com a anterior”, disse.

Vedoya acrescentou que a perspectiva para 2023 depende do impacto do aperto das políticas monetárias e da capacidade dos bancos centrais de ancorar as expectativas de inflação. “Particularmente, as perspectivas da UE [União Europeia] estão sujeitas a mais riscos de queda devido à alta inflação e à crise de energia que foram exacerbadas pela guerra Rússia-Ucrânia”, afirmou o presidente do comitê.

Impacto da desempenho da China

A recuperação da demanda na China — maior produtor e consumidor de aço do mundo — no final de 2021 foi revertida no segundo trimestre de 2022, pois os repetidos bloqueios da covid levaram a um arrefecimento drástico da economia chinesa, destaca o SRO divulgado hoje.

“A queda no mercado imobiliário se aprofundou, com o investimento em imóveis desacelerando para o pior em 30 anos. Todos os principais indicadores do mercado imobiliário estão em território negativo, com a área em construção contraindo pela primeira vez em sua história moderna”, destaca o relatório, sobre um dos setores que mais consome aço na economia chinesa.

“Apesar dos esforços do governo para impulsionar o mercado imobiliário, não se espera uma grande reviravolta, uma vez que a confiança dos compradores continua fraca devido às medidas rígidas da covid e falências de desenvolvedores”, destaca.

O SRO aponta que o investimento em infraestrutura está se recuperando devido a medidas governamentais e fornecerá algum suporte à demanda por aço no final deste ano e em e 2023. “No entanto, enquanto o setor imobiliário permanecer deprimido, será difícil que a demanda por aço se recupere significativamente”, observa.

Conforme o relatório, a demanda na China contraiu 6,6% nos primeiros oito meses de 2022. Para todo o ano, a previsão é de recuo de 4% [ante 2021], com o baixo efeito do segundo semestre. Em 2023, novos projetos de infraestrutura e uma leve recuperação no mercado imobiliário pode evitar uma maior contração da demanda por aço.

“A desaceleração da economia global representa um risco negativo adicional para a China”, aponta.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 20/10/2022