Com perspectivas ruins, ArcelorMittal espera queda no consumo de aço

Com perspectivas ruins, ArcelorMittal espera queda no consumo de aço

A ArcelorMittal está esperando uma queda no consumo de aço neste ano, com a guerra na Ucrânia e as restrições impostas pela covid-19 na China, desacelerando a recuperação da pandemia. A segunda maior companhia siderúrgica do mundo prevê que a demanda pelo metal cairá até 1% este ano.

A previsão se compara a uma expectativa anterior de um ligeiro crescimento de até 1%, antes da guerra na Ucrânia. “Nosso desempenho no primeiro trimestre foi ofuscado pela guerra na Ucrânia”, disse o presidente-executivo Aditya Mittal em um comunicado sobre os resultados da companhia no primeiro trimestre, que superaram as expectativas.

“Apesar desse cenário, agravado ainda mais pelo aumento das pressões inflacionárias no mundo todo, a ArcelorMittal obteve um forte desempenho no primeiro trimestre”, acrescentou Mittal, embora tenha alertado que o grupo agora “está antecipando que o consumo perceptível de aço terá uma ligeira contração neste ano em comparação a 2021”.

A companhia espera uma grande queda da demanda na Ucrânia e Rússia, enquanto o aumento das pressões inflacionárias na Europa também deverá prejudicar a demanda na região. A demanda chinesa cairá para o patamar mais baixo das previsões anteriores da companhia, dado o que ela disse ser “uma fraqueza temporária causada pelas restrições à covid-19”.

A ArcelorMittal é uma das maiores produtoras de aço da Ucrânia, com uma grande unidade em Kryvyi Rih, no sul. O país é um grande exportador de aço para a Europa e o conflito afetou muito a produção e o fornecimento.

A ArcelorMittal e a Metinvest, maior produtora da Ucrânia, que controla a siderúrgica sitiada de Mariupol, sob ataque constante dos russos, suspendeu temporariamente suas operações logo depois da incursão russa.

A ArcelorMittal disse nesta quinta-feira que reiniciou a operação de um de seus três altos-fornos de Kryviy Rih. Ela disse que a produção de minério de ferro está ocorrendo a cerca de 50% a 60% da capacidade.

Ela espera numa redução de mais de 10% na demanda na região da Comunidade dos Estados Independentes (CIS, na sigla em inglês), que inclui Ucrânia, Rússia e outros ex-países da União Soviética como Armênia, Azerbaijão, Belarus, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão. Isso ficaria abaixo da precisão anterior de um crescimento de zero a 2%.

A previsão mais pessimista foi corroborada pela Eurofer, a associação comercial europeia, que alertou que o aumento dos preços da energia, as interrupções nas cadeias globais de suprimentos e a guerra na Ucrânia “deverão afetar muito as perspectivas para 2022”.

A evolução do mercado de aço para 2022 e 2023 continua sujeita a um alto grau de incerteza, que deverá continuar minando a demanda de setores dependentes do aço, disse Axel Eggert, diretor-geral da Eurofer.

Apesar das incertezas, a ArcelorMittal teve um forte começo de ano. Ela disse que os lucros antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foram de US$ 5,08 bilhões, contra a média das previsões de US$ 4,57 bilhões.

Ela também anunciou um segundo programa de recompra de ações de US$ 1 bilhão para 2022. Os embarques de aço no período caíram 2,7% para 15 milhões de toneladas, comparado ao quarto trimestre do ano passado, em grande parte graças ao impacto da guerra na Ucrânia, segundo a companhia. As ações do grupo subiram 3% para 27,82 euros no fim da manhã desta quinta-feira em Amsterdã.

Fonte: Financial Times
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 06/05/2022