BTG estima risco de chuvas para alto volume de minério

BTG estima risco de chuvas para alto volume de minério

Há mais de 100 milhões de toneladas de minério de ferro, em base anual, em risco devido às chuvas no Brasil, o que representa cerca de 7% do suprimento transoceânico e de 30% da oferta brasileira, estimaram, em relatório os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, do BTG Pactual. “Então, claramente, as apostas são altas e nós podemos ver impactos no curto prazo nos movimentos [do preço] do minério”, disseram os analistas.

Segundo eles, mesmo admitindo que há um período de chuva mais forte que o usual, há um elemento de “business as usual” nas notícias veiculadas até o momento. Ontem, a Vale anunciou que paralisou parcialmente a circulação de trens na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e a produção dos Sistemas Sudeste e Sul, no Estado, em razão do nível elevado de chuvas em Minas Gerais.

No Sistema Sudeste, a EFVM foi paralisada no trecho Rio Piracicaba-João Monlevade impedindo o escoamento do material em Brucutu e no complexo de Mariana, que estão com a produção suspensa. O trecho Desembargador Drummond-Nova Era também foi paralisado, mas em fase de liberação e não afetou a produção do Complexo de Itabira.

No Sul, devido à interdição de trechos das BR-040 e MG-030, da segurança de circulação de empregados e terceiros e da infraestrutura da frente de lavra das minas, a produção de todos os complexos está temporariamente paralisada.

Correa e Greiner lembraram que a Vale manteve sua meta de produção de minério para 2022 entre 320 milhões e 335 milhões de toneladas. Os analistas, no entanto, ponderam que o fator chave atualmente é o período de duração das chuvas acima do normal.

“O incerto nesse ponto é quanto tempo vai durar a chuva forte, mas assumindo que a normalidade seja restaurada rapidamente, acreditamos que os impactos econômicos podem ser baixos”, afirmam, acrescentando que, depois dos incidentes com as barragens no passado, é bem-vinda a abordagem de tolerância zero que as mineradoras estão tomando para reduzir os riscos operacionais, “abordagem que nós consideramos prudente”.

Pedro Galdi, da Mirae Asset Corretora, reiterou que até o momento a Vale não alterou a meta de produção para o ano e acrescentou que janeiro é um mês em que, comumente, as chuvas causam transtornos. “Com o La Niña está sendo pior, mas é só torcer para não haver um colapso maior em alguma grande barragem”, ponderou.

De janeiro a setembro de 2021, a Vale produziu 51,12 milhões de toneladas no Sistema Sudeste, cujo minério é escoado pela Estrada de Ferro Vitória-Minas até o Porto de Tubarão, no Espírito Santo. Outras 41,28 milhões de toneladas foram produzidos no Sistema Sul, escoado pela MRS para portos no Rio. Desse total, 13,53 milhões no Sudeste e 11,72 milhões no Sistema Sul foram produzidas no primeiro trimestre, período que sazonalmente é mais afetado por chuvas.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/01/2022