Açotubo assume o controle de empresa com operações no Peru e na Colômbia

Açotubo assume o controle de empresa com operações no Peru e na Colômbia

O grupo Açotubo, fundado pela família Bassi e dono de uma das maiores distribuidoras de aços e tubos do Brasil, está avançando em seus planos de internacionalização e avalia novas oportunidades, incluindo aquisições, para ampliar presença no mercado latino-americano. Outros grandes distribuidores locais também se lançaram no mercado externo, mas a principal dificuldade tem sido competir em preço nos outros países.

Presente desde 2020 no Peru e na Colômbia, a Açotubo cruzou a fronteira nacional ao se tornar sócia da peruana Systemas de Perforación y Geotecnia (SPG) via Incotep, empresa do grupo que fornece sistemas metálicos (tirantes) usados em ancoragem e infraestrutura. Agora, vai comprar a participação da SPG no negócio, mediante desembolso de R$ 12 milhões, assumindo a totalidade das operações, que são menores do que a brasileira.

“A ideia é ir para outros países”, diz o presidente da Açotubo, Breno Bassi. Com faturamento de R$ 2 bilhões em 2023, um recuo de 15% frente ao apurado no ano anterior em meio à queda dos preços domésticos dos produtos siderúrgicos, a empresa elevou em 34% os investimentos previstos para este ano, de R$ 35 milhões para R$ 47 milhões, em linha com a estratégia de internacionalização. Em torno de 80% do valor que será aportado virá do caixa do grupo.

Ainda não há decisão sobre qual modelo societário será usado para expansão no mercado internacional. A Açotubo também tem uma parceria em tubos industriais com a francesa Vallourec, que é majoritária com 75% da operação. A joint venture produz tubos de aço para a indústria.

Segundo Bassi, a SPG Incotep ensinou ao grupo como operar em outro país e a ter um sócio nos negócios. Fundada há 50 anos, a Açotubo tem controle familiar. Os três fundadores, os irmãos Luiz, Ribamar e Wilson Bassi, já migraram para o conselho de administração, que hoje conta com outros dois membros independentes, e a segunda geração, da qual Breno faz parte, está no dia a dia dos negócios.

“Da mesma forma que fizemos a internacionalização dessa divisão, a Açotubo tem um portfólio maior que isso. A ideia é olhar para essas e outras localidades da América Latina e levar esse portfólio. Queremos crescer [lá fora] com os outros produtos”, conta. Uma decisão sobre o próximo passo no mercado internacional deve sair ainda em 2024.

Conforme Bassi, 2023 ainda foi um ano bom, apesar da expectativa inicial de que fosse mais positivo. No exercício, a Açotubo, que oferece desde barras e tubos de aço carbono a aços inoxidáveis usados em diferentes indústrias, registrou o terceiro melhor resultado da história, embora com queda na comparação anual.

A empresa tem também uma parceria em tubos industriais com a francesa Vallourec, que é majoritária, com 75% da operação

Em volume, a baixa foi menor do que a vista nas receitas, de 2,5%, para 114 mil toneladas - um recuo também menor do que o visto no mercado, da ordem de dois dígitos, na média da indústria siderúrgica instalada no país. O principal redutor dos resultados foram os preços, que caíram entre 12% e 14%, na esteira da maior oferta global vinda sobretudo da China. Russos e sul-coreanos também contribuíram para o excesso de oferta no mercado global em 2023. “A Açotubo acaba sendo um repassador de preços Se cai na usina, precisamos ajustar o preço. E o aço inox caiu ainda mais”, conta.

Relativamente ao mercado, o melhor desempenho da empresa pode ser atribuído a medidas internas, em particular com iniciativas de gestão de despesas e eficiência operacional. Os investimentos, no ano passado, somaram R$ 30 milhões, entre caminhões, sistemas e ponte rolante.

Importante distribuidora de aço das siderúrgicas locais, a Açotubo tem 85% de suas vendas associadas a essas usinas e 15%, à importação. Questionado sobre o forte avanço das importações no último ano, em especial no segundo semestre, Bassi ressalta que a empresa acredita na parceria com as siderúrgicas instaladas no país, mas fica dividida em relação ao embate em curso.

As siderúrgicas pedem ao governo a elevação da alíquota de importação a 25%, enquanto setores consumidores de produtos siderúrgicos se colocam veementemente contra a alteração da tarifa. “Temos clientes na Abimaq [indústria de máquinas e equipamentos], mas também vemos como as usinas são pressionadas pelo aço chinês”, explica.

Para 2024, a perspectiva é de crescimento de cerca de 5% no consumo aparente de aço no país. A Açotubo, por sua vez, projeta crescimento de 7,5% em volume, com ganho de participação. Uma “boa posição” em máquinas agrícolas, melhor ainda no segmento de energia solar (fotovoltaico), em mineração e óleo e gás devem assegurar esse desempenho. Conforme Bassi, “2024 deve ser moderadamente melhor que 2023”. “Temos conversas com clientes que indicam que o primeiro trimestre ainda está mais desafiador”, diz.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/02/2024