Aço: Grandes consumidores esperam retomada, que pode vir só em 2024

Aço: Grandes consumidores esperam retomada, que pode vir só em 2024

A construção civil, as montadoras e o setor de bens de capital, que respondem por quase 85% do consumo de aço no Brasil - 19,8 milhões de toneladas ano passado -, esperam que mudanças no cenário macroeconômico estimulem suas atividades após um período turbulento. Na construção, maior consumidora de produtos siderúrgicos do país, a projeção é de crescimento de 1,5% este ano, contra 6,9% em 2022. Os juros elevados e a queda de 19,1% nos lançamentos imobiliários nos primeiros seis meses do ano - e de 7,5% nas vendas - explicam parte da projeção modesta para 2023.

Em 12 meses, houve queda de 5,3% na comercialização e de 15,8% nos lançamentos, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC).

Por outro lado, o controle da inflação, a aprovação do arcabouço fiscal, a expectativa quanto à reforma tributária e o início de um possível ciclo de queda da Selic lançam certo otimismo para o restante do ano. A recuperação da indústria de máquinas e equipamentos, entretanto, é esperada só a partir de 2024, o que deve se refletir no aumento do consumo de produtos siderúrgicos. O presidente executivo da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, projeta incremento de 2,7% na receita e de 1,9% na produção para o ano que vem. Até lá, seguirá a trajetória de encolhimento verificada desde 2022.

Segundo a Abimaq, de janeiro a julho de 2023, a receita oriunda do mercado doméstico caiu 13,8% sobre o mesmo período de 2022, e o consumo aparente de máquinas e equipamentos - soma da aquisição de bens produzidos localmente com os importados, 8,3%. “O ano está perdido”, diz Velloso.

Já o desempenho do setor automotivo neste ano foi influenciado pelo programa de descontos na compra de veículos até R$ 120 mil, encerrado em julho. As vendas (emplacamentos) cresceram 9,4% de janeiro a agosto, para 1,432 milhão de automóveis, frente ao mesmo período de 2022, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Parte das vendas, porém, foi de carros em estoque. A produção caiu 0,4% no período, para 1,542 milhão de unidades, e as exportações recuaram 12,8%. Houve certa retomada em agosto, com 227 mil unidades produzidas, praticamente o mesmo volume de maio (228 mil), mês que antecedeu o anúncio do incentivo.

Para Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, as obras do novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), que prevê R$ 1,7 trilhão em investimentos em infraestrutura, serão fundamentais para alavancar a economia e impulsionar as máquinas rodoviárias, cujas vendas internas recuaram 14,8% no primeiro semestre. “Estamos pedindo ao governo detalhamento do PAC para que as empresas possam se preparar”. Ele considera um risco para o setor as importações de asiáticos, resultado, avalia, da perda de competitividade brasileira na região. A China, por exemplo, desbancou o Brasil como principal exportador de veículos para os países vizinhos.

As máquinas agrícolas, por sua vez, caíram 6,8% e 5,2% em comercialização e exportação, respectivamente, no primeiro semestre.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 26/09/2023