Aço começa o ano 10% mais caro com reajustes

Aço começa o ano 10% mais caro com reajustes

O mercado de aço no país iniciou o ano com reajustes de preços para os chamados produtos siderúrgicos planos, usados, por exemplo, em carrocerias de automóveis. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), como faz tradicionalmente, saiu na frente das concorrentes ao anunciar antes do fim de 2022 que iria aplicar aumento linear de 10% em todos os tipos de aço que fabrica e comercializa.LEIA MAIS:

Duas outras siderúrgicas, concorrentes da CSN, segundo uma fonte do setor, também definiram na quarta-feira aplicar aumento aos seus produtos. A ArcelorMittal Tubarão informou seus clientes de vários setores — compradores de produtos laminados a quete e a frio e bobinas zincadas — que aplicaria em torno de 10%.

Já a Usiminas, principal fornecedora de aço plano para o setor automotivo do país, além de produzir chapas grossas usadas em tubos e maquinas pesadas, informou que o reajuste entra em vigor no dia 16 de janeiro. Os preços serão majorados em 9% a 12%, a depender do tipo de produto.

A siderúrgica mineira também definiu alta de preço para o aço vendido diretamente para as montadoras, para aquelas com data de reajuste em janeiro. Outro grupo de companhias automotivas negocia em abril.

Com as montadoras, segundo outra fonte, ficou acertado mudança no calendário. Devido às oscilações de custos de matérias-primas do aço (como minério de ferro) e variação do preço no mercado global, as negociações deixam de ser anuais e passam a ser semestrais.

Os produtos siderúrgicos planos, formados por vários tipos de chapas e bobinas, tem aplicações nos setores automotivo (carros e autopeças), construção civil, linha branca, máquinas e equipamentos e tubos de pequeno e grande diâmetro.

A Gerdau, que faz laminados a quente e chapas grossas ainda não havia definido novos preços.

São três os principais argumentos para elevar preços — aumento do aço no mercado internacional, em alta desde meados de novembro; subida do minério de minério de ferro; e a queda no prêmio entre produto nacional e o importado.

A previsão é que o prêmio, que ficou bem acima de 10%, mantida a cotação do dólar na faixa de R$ 5,20 a R$ 5,30 vai levar essa diferença para 3% a 5%, segundo disse uma fonte do mercado.

O preço da bobina laminada a quente, BQ, que é referência no mercado mundial, saiu de US$ 560 a tonelada em 30 de novembro na China para US$ 640 no fim de dezembro — alta de US$ 80 em um mês. Segundo outra fonte, a BQ chegou a bater em US$ 535 a tonelada, num processo de queda de preço verificado ao longo do segundo semestre com as medidas rigorosas de combate à covid adotadas pelo governo da China.

No mercado brasileiro a tonelada da BQ era comercializada na faixa de R$ 4,4 mil há uma semana (equivalente a US$ 846). Segundo a consultoria especializada S&P Global Commodity Insights, na última semana de 2022 o preço variava de R$ 4,3 mil a R$ 4,6 mil a tonelada. A avaliação é que há espaço para aplicação de aumentos pelas usinas.

Segundo a CSN, seus reajustes vão atingir o setor da distribuição (que vende no varejo e responde por um terço do comércio no país), construção e industrial.

As fabricantes de bens eletrodomésticos — chamados no mercado de linha branca — têm fechado negociações de reajuste com as usinas a cada trimestre.

As siderúrgicas no país estão em busca de recuperação de margens de ganho que alegam ter perdido no segundo semestre. Elas admitiram que tiveram de conceder descontos superiores a 40% nos preços do aço vendido internamente nesse período. O último reajuste de preço foi tentado em abril.

Chapa grossa, material fabricado por Usiminas e Gerdau, tem sido uma exceção: os preços não sofreram baixa devido à alta procura pelo material. A demanda no país está superior à capacidade de produção das duas usinas.

Segundo uma fonte, as duas empresas estão com a produção toda vendida até fim de fevereiro. Novos pedidos somente para março em diante. A demanda por chapa grossa é puxada principalmente nos setores de máquinas e equipamentos, tubos de grande diâmetro e na área de energia eólica (montagem de torres).

Depois de fechar 2022 com retração de 12% no consumo aparente, a expectativa é de leve alta neste ano — 2% a 3%. A rede de distribuição de aços planos registrou expansão de 3% a 3,5% e estima aumento entre 2,5% e 3% em 2023.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 09/01/2023