Industria brasileira quer tarifa sobre aço chinês para compensar ‘efeito Trump’
Industria brasileira quer tarifa sobre aço chinês para compensar ‘efeito Trump’
Indústrias siderúrgicas brasileiras querem que o governo federal imponha uma tarifa de 25% sobre o aço chinês para compensar o efeito do ‘tarifaço’ do presidente americano Donald Trump.
A medida funcionaria como uma resposta para proteger a produção brasileira, que deve perder competitividade no cenário internacional depois da imposição de tarifas de 25% por parte de um dos maiores aliados comerciais.
A expectativa é que um encontro de representantes da indústria com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), seja realizado ainda neste mês.
Os industriais brasileiros ouvidos pela CNN acusam a China de uma prática semelhante ao dumping, já que o governo subsidiou a indústria de aço para manter empregos em meio à desaceleração da construção civil no país.
Com demanda interna enfraquecida, os industriais brasileiros sustentam que a China passou a exportar o aço subsidiado por valores extremamente baixos, o que, em alguns casos, acabou deixando o produto com valor inferior ao preço de custo brasileiro.
Isso fez com que as importações de aço chinês para o Brasil subissem consideravelmente nos últimos anos. Nos anos 2000, 2001, a importação era de menos de US$ 100 milhões. Em 2009, ela bate US$ 1 bi pela primeira vez, mas não se sustenta. Até que em 2019 volta a atingir a marca e dobra o valor para US$ 2 bi em 2022, mantendo de lá pra cá o patamar sempre na casa do bilhão de dólares.
Mesmo antes da decisão de Trump, a tarifa ao aço chinês já era uma bandeira da indústria brasileira. No ano passado, o país definiu um sistema de quotas de importação, para tentar equalizar o setor. A leitura dos industriais ouvidos pela CNN é de que, no novo cenário, as quotas não resolvem o problema.
Acontece que a alegação é questionada e criticada por chineses. Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, acompanha o debate e diz que os subsídios do governo chinês ao aço já terminaram há muito tempo. Ele afirma que “taxar o aço chinês só prejudicaria os brasileiros, porque aumentaria o valor dos produtos feitos à base de aço no Brasil e pressionaria a inflação”.
“O aço da China está barato no mundo não por causa dos subsídios, que já terminaram faz tempo, mas por causa da tecnologia e do custo operacional. A culpa não é da China, a culpa é do custo Brasil, que derruba a competitividade do produto manufaturado brasileiro”, sustenta Tang.
“A indústria brasileira é eficiente até chegar na porteira, onde enfrenta a cascata de impostos, falta de logística eficiente, entre outros [problemas] que alimentam o custo Brasil”, completa ele.
Fonte: CNN
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 12/02/2025